A disfunção do tecido adiposo caracterizada pela hiperplasia e hipertrofia dos adipócitos altera o padrão de secreção e atividade de diversos hormônios, a exemplo da leptina. As concentrações elevadas desse hormônio podem comprometer a homeostase de micronutrientes, como o magnésio, o que, por sua vez, pode acentuar o estresse oxidativo, a resistência à insulina e a inflamação crônica de baixo grau em indivíduos com obesidade. Assim, esta tese teve como objetivos: 1) Atualizar aspectos constantes na literatura sobre a participação do magnésio no metabolismo da insulina, as repercussões no desenvolvimento do estresse oxidativo e inflamação crônica de baixo grau, bem como apresentar a influência de intervenções dietéticas; 2) Verificar as concentrações de leptina e magnésio e sua relação com o estresse oxidativo, a resistência à insulina e inflamação crônica de baixo grau em mulheres com obesidade. No primeiro estudo, foi conduzida busca nas bases de dados PubMed, Scopus e Web of Science, sendo incluídos artigos que apresentavam os mecanismos de participação do magnésio na secreção e sinalização da insulina, bem como as implicações metabólicas resultantes da hipomagnesemia associada à resistência à insulina. O segundo estudo clínico observacional, do tipo caso-controle, envolvendo 147 mulheres que foram distribuídas em dois grupos: mulheres com obesidade (n=75) e grupo controle (n=72). Nesse estudo foram avaliadas as concentrações séricas de leptina, concentrações plasmáticas, eritrocitárias e urinárias de magnésio, creatinina urinária, pressão arterial, marcadores do controle glicêmico, atividade das enzimas SOD e catalase, concentrações plasmáticas de TBARs e citocinas IL-6 e IL-8. As mulheres com obesidade apresentaram concentrações aumentadas de leptina sérica, concentrações reduzidas de magnésio no eritrócito e plasma, bem como aumento da excreção urinária desse mineral. Houve diferença significativa das concentrações de leptina, magnésio eritrocitário, plasmático, urinário entre os grupos, bem como creatinina urinária, SOD, TBARs e IL-6. A análise de correlação linear simples evidenciou que houve correlação positiva entre leptina e parâmetros de adiposidade nas mulheres com obesidade e correlação negativa entre leptina e atividade da SOD no grupo controle. Houve correlação negativa entre magnésio eritrocitário e IL-6 no grupo controle. As mulheres com obesidade avaliadas neste estudo apresentam concentrações elevadas de leptina e valores reduzidos de creatinina na urina, sugerindo que a hiperleptinemia não favorece lesão renal nessas participantes. Além disso, apresentam deficiência em magnésio, concentrações elevadas de TBARS, reduzida atividade da SOD, bem como valores elevados de IL-6, o que reflete a presença do estresse oxidativo e da inflamação crônica nesse grupo populacional. A partir dos dados desse estudo, também pode-se concluir que a deficiência em magnésio parece não influenciar parâmetros do estresse oxidativo, da resistência à insulina e da inflamação crônica de baixo grau em mulheres com obesidade.