Bioacessibilidade dos polifenois naturalmente presentes na folha e no cálice da vinagreira (Hibiscus Sabdariffa L.)
Hibiscus Sabdariffa L., polifenóis, atividade antioxidante, bioacessibilidade.
O consumo de alimentos fontes de compostos bioativos, especialmente de polifenois, tem sido apontado como fator protetor para saúde e sua bioacessibilidade no organismo tem sido bastante pesquisada. Sabe-se que as hortaliças e as frutas são fontes importantes de diversos compostos antioxidantes. Neste contexto encontra-se a vinagreira (Hibiscus Sabdariffa L.), largamente utilizada, por várias populações mundiais, como alimento, condimento e base para elaboração de fitoterápicos. Desta forma, este estudo objetivou realizar a caracterização nutricional, a bioacessibilidade dos polifenois presentes no cálice e na folha da vinagreira, por meio de uma digestão in vitro e identificação dos compostos fenólicos por CLAE. Para determinação da composição centesimal foram utilizadas metodologias oficiais; os compostos bioativos (polifenóis e carotenoides) foram determinados por espectrofotometria; a atividade antioxiante in vitro foi realizada utilizando os ensaios TEAC-ABTS e ORAC. A bioacessibilidade dos compostos fenólicos por meio de uma simulação de digestão in vitro e a identificação dos polifenóis por meio de cromatografia líquida de alta eficiência. Os resultados obtidos indicam que a folha da vinagreira apresentou alto teor de proteína (8,91 %) e o cálice de carboidrato (8,74 %), os mesmos também demonstraram baixo teor de lipídeos (1,02% e 1,45%, respectivamente); na quantificação dos compostos bioativos (β-caroteno), verificaram-se resultados maiores na folha quando relacionados ao cálice. O método de extração de polifenóis utilizando os solventes água, etanol e acetona foram mais eficientes quando se empregou ondas ultrassônicas; os extratos etanólicos e acetônicos tanto da folha (240,81 ± 2,38 mg.100 g-1, 244,39 ± 5,54 mg.100 g-1) quanto do cálice (198,76 ± 0,81 mg.100 g-1, 171,36 ±1,09 mg.100 g-1) da vinagreira apresentaram os maiores teores de fenólicos totais; a atividade antioxidante por ORAC na extração etanólica foi superior aos demais (75,20 ± 0,87 µMol de trolox/g para a folha e 45,76 ± 1,25 µMol de trolox/g para o cálice) e TEAC na extração acetônica (8,16 ± 0,81 mM de Trolox/g para a folha e 4,72 ± 0,81 mM de Trolox/g para o cálice), com valores superiores aos de muitas frutas consideradas como boas fontes de antioxidantes. Os compostos fenólicos tanto da folha quanto do cálice da vinagreira se mostraram bioacessíveis, apresentando uma liberação desses compostos da matriz alimentar pela ação das enzimas digestivas e da microbiota intestinal, resultando num aumento significativo no teor de polifenóis nos extratos digeridos da fase I (733,4 ± 7,29 mg.100 g-1 para a folha e 1173,76 ± 5,80 mg.100 g-1 para o cálice). Foram identificados nos extratos aquoso, etanólico e acetônico tanto da folha quanto do cálice oito polifenóis, destacando-se a catequina, epicatequina, ácido p-cumárico e o ácido gálico; a digestão in vitro mostrou um efeito diverso sobre a liberação dos polifenóis, da matriz alimentar, de forma individual, para alguns polifenois houve um aumento da sua liberação com a digestão, como no caso do ácido gálico, enquanto para outros polifenóis a digestão levou a sua degradação, como no caso da catequina. Podendo-se inferir que tanto o cálice quanto a folha da vinagreira são boas fontes de polifenóis com atividade antioxidante e que a digestão aumente a liberação desses compostos a partir da matriz alimentar.