Esta Tese faz uma revisão sobre o histórico da Doença de Chagas Aguda (DCA), bem como o agente etiológico, hospedeiros, formas de transmissão e manifestações clínicas da enfermidade; além do ciclo biológico do Trypanosoma cruzi. A revisão perpassa pela epidemiologia da DCA no mundo, Brasil, Nordeste e Piauí, em seus aspectos sociodemográficos, ecológico, ambientais e climáticos; bem como a cerca da Vigilância Entomológica dos vetores no Brasil. A Tese tem como objetivo analisar a Doença de Chagas Aguda no estado do Piauí; considerando os aspectos epidemiológicos, sociodemográficos, climáticos e entomológicos. O Capítulo 1 refere-se ao perfil epidemiológico da DCA no Piauí. Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e transversal, de abordagem quantitativa. Teve como cenário o estado do Piauí, o qual possui 224 municípios. Os dados da DCA foram coletados no SINAN, no período de 2001 a 2014, com as variáveis de municípios, sexo, faixa etária, raça, escolaridade, zona de residência, modo de infecção, local de infecção, critério de confirmação e evolução do caso. Os dados demográficos, de população residente foram coletados no DataSUS, e de Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), no IBGE. Foram notificados, de 2001 a 2014, 164 casos de doença de Chagas aguda no Piauí. A maioria dos casos concentra-se nos anos de 2001 a 2006 (98,2%). Nos anos de 2007, 2008 e 2011 tiveram apenas três casos notificados, um em cada ano, em todo o estado. Nos anos de 2009, 2010 e de 2012 a 2014 não tiveram notificações de DCA. Os municípios de maiores notificações foram: Colônia do Piauí, Santa Cruz do Piauí, Coronel José Dias, São João do Piauí, Hugo Napoleão e Teresina. Em relação às variáveis sociodemográficas, entre os indivíduos notificados com DCA no Piauí, houve predominância de mulheres, entre 40 e 59 anos de idade, raça parda, com Ensino Fundamental menor concluído e residente na zona rural. Quanto aos aspectos clínicos das pessoas com diagnóstico de DCA no Piauí, houve predominância de transmissão vetorial, cujo local provável de infecção foi o domicílio, com critério laboratorial, com evolução de remissão das manifestações clínicas. Em toda a série, tiveram apenas dois óbitos, nas cidades de Picos e Pio IX. Utilizando as variáveis sociodemográficas para agrupar os municípios, originando grupos de padrões de cidades piauienses, verificou-se, pela observação das dissimilaridades entre as cidades até o ponto médio, a formação de sete grupos ou sete padrões ou, ainda, sete perfis epidemiológicos de casos de DCA no estado do Piauí. O Capítulo 2 refere-se à relação entre doença de Chagas aguda e o clima no Piauí. Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e transversal, de abordagem quantitativa. Teve como cenário o estado do Piauí, o qual possui 224 municípios. Os dados da DCA foram coletados no SINAN, no período de 2001 a 2014. As variáveis obtidas foram: municípios e meses do ano. Os dados climáticos foram extraídos das análises dos mapas das Normais Climáticas do estado do Piauí (ANDRADE JÚNIOR et al., 2004). Os casos de DCA ocorreram, em todo o período analisado, mais nos meses de janeiro, maio, junho e setembro; demonstrando uma tendência de casos de DCA no Piauí no mês de janeiro. A temperatura média anual não parece ter influenciado na quantidades de casos de DCA. O Capítulo 3 refere-se à Vigilância Entomológica dos triatomíneos vetores da doença de Chagas no Piauí. Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e transversal, de abordagem quantitativa. Teve como cenário o estado do Piauí, o qual possui 224 municípios. Os dados entomológicos foram coletados dos Relatórios do Sistema de Informações das Operações de Campo – Chagas / Piauí (SIOC-Chagas/PI), no período de 2014 a 2017. Os dados referem-se às atividades de captura, análise e detecção de infecção por T. cruzi (ativa e passiva) nos municípios piauienses. Nos relatórios do SIOC-Chagas/PI, na captura de triatomíneos peri e intradomicílio, dos 224 municípios piauienses, somente 16 tiveram notificação de forma passiva no estado. Foram capturado 131 triatomíneos, sendo a maioria em peridomicílio. Já os relatórios do SIOC-Chagas/PI relativos à busca ativa verificou-se uma alternância entre crescimento e decréscimo na quantidade de triatomíneos capturados, bem como de triatomíneos infectados pelo T. cruzi. A espécie Eratyrus mucronatus ocorreu nas cidades de Alagoinha, Queimada Nova e Domingos Mourão.