Biologia do desenvolvimento em emas (Rhea americana): morfologia externa e organogênese do aparelho digestório.
Palavras-chave: Desenvolvimento embrionário. Digestório. Morfologia. Microscopia. Rhea americana.
O conhecimento dos aspectos embrionários de espécies silvestres é importante para sua manutenção em cativeiro ou em vida livre. O presente estudo tem como objetivo a caracterizar a biometria, a morfologia externa e a organogênese do aparelho digestório de embriões de ema, em desenvolvimento. Foram analisados 42 embriões submetidos à eutanásia e fixação para a descrição de sua morfologia externa. Em seguida, os fragmentos do trato gastrointestinal foram coletados, processados e corados com hematoxilina-eosina (HE) e ácido periódico de Schiff (PAS). Os embriões de ema aos 5, 6 e 7 dias de incubação apresentaram forma de “C”. Com 8, 9 e 10 dias os olhos mostravam-se grandes e pigmentados. Aos 11, 12 e 13 dias a pálpebra ocular cobria mais da metade do olho, resultando em uma fenda oval. Costelas evidentes nos embriões de 14 e 15 dias, a pele continuava delgada e com 18 dias esta estrutura mostrava-se mais espessa. Em embriões colhidos aos 21 e 27 dias de desenvolvimento foram observadas pálpebras fechadas formando uma fenda palpebral, sendo o globo ocular menos pronunciado com 27 dias. O ganho de peso apresentou uma curva de crescimento exponencial, enquanto as mesurações, como o crown-rump (CR), comprimento total (CT), comprimento céfalo-caudal (CC), diâmetro biparietal (DB), tibiotarso, úmero e bico tiveram um crescimento linear ao longo do tempo. A língua apresentou epitélio estratificado cúbico aos 11 dias de incubação e com células musculares em diferenciação, e aos 13 dias foi evidenciado o início da histogênese da cartilagem hialina. O esôfago possuía uma mucosa pregueada com lúmen irregular. No proventrículo gástrico, as glândulas da submucosa estavam localizadas somente em um polo do órgão. O ventrículo gástrico aos 13 dias apresentou epitélio estratificado, intercalando células cúbicas e cilíndricas com maior número de células mucosas. Com 31 dias apresentou grande quantidade de secreção glandular eosinofílica no lúmen que originará a membrana coelina. No duodeno em embriões com 27, 30 e 31 dias de incubação as túnicas apresentavam bem desenvolvidas com vilosidades mais longas e revestidas por epitélio colunar simples com células mucosas distribuídas multifocalmente e PAS positivas, submucosa delgada. Já as células mucosas do jejuno e íleo foram PAS positivas aos 21 dias. O ceco apresentou um epitélio colunar pseudoestratificado dos 15 aos 27 dias. O cólon-reto aos 15 dias apresentou com mucosa coberta por epitélio estratificado, algumas áreas de pseudoestratificado, aos 27 dias a mucosa foi PAS positiva e com 30 e 31 dias o epitélio se tornou colunar simples com áreas de pseudoestratificado. Estas informações, inexistentes na literatura, até então, irão fornecer subsídios para o conhecimento da biologia desta espécie, promovendo a melhoria do sistema de produção em cativeiro.