As falésias referem-se a superfícies de forte inclinação, onde a terra elevada se encontra com o mar, correspondendo a uma característica geomorfológica de primeira ordem de significância, porque ocorrem ao longo de cerca de 80% das linhas costeiras do mundo. No município de São José de Ribamar, Maranhão, a zona costeira apresenta um conjunto singular de falésias, dentre elas a de Itapari. A constituição geológica desta forma de relevo é de materiais da Formação Barreiras, de origem sedimentar Tércio-quaternária, sendo altamente suscetíveis à erosão por processos marinhos, provocando desmoronamentos, principalmente durante períodos chuvosos. Tendo em vista que é uma área de crescente ocupação humana, o presente trabalho tem por objetivo geral conhecer e interpretar como se processa a dinâmica dos processos modeladores da falésia Itapari, responsáveis pela sua evolução geomorfológica. Como objetivos específicos encontram-se: caracterizar e interpretar os processos naturais operantes na área de estudo; estudar a evolução da linha da costa da faixa litorânea da ponta de Itapari maranhense, na última década e caracterizar a ocupação humana e as principais alterações provocadas por essa ação antrópica.O desenvolvimento da pesquisa envolveu a revisão da literatura, em que se buscou obras e documentos com dados referentes ao tema estudado; observação de imagens de satélites; trabalhos de campo para a identificação e caracterização da falésia e do uso antrópico da área; monitoramento por estaqueamento, registro fotográfico e análise da retrogradação da linha da costa maranhense do setor onde ela se localiza. A partir dos resultados encontrados, conclui-se que atualmente ocorre uma regressão da linha de costa e que a mesma não se apresenta uniforme, uma vez que o recuo variou de 1 a 3 metros/ano durante a década atual em toda a extensão da falésia Itapari, demonstrando que uma das seções da falésia apresentou certa estabilidade em relação às demais. Mesmo diante da complexidade que envolve a evolução desta falésia, pôde-se inferir que os componentes naturais do ambiente são os principais condicionantes dos processos operantes na evolução atual desta falésia, embora seja preocupante a crescente interferência antrópica sobre ela, sobretudo em relação às construções e a retirada de materiais que a compõem.