No contexto do capitalismo, marcado pela necessidade da progressiva aceleração da circulação, os transportes se evidenciam como elemento crucial para a reprodução das atividades econômicas e das relações sociais em geral. As transformações na circulação de pessoas e mercadorias nos territórios, em sua fluidez, conferem importância destacada aos transportes, tendo assim papel relevante na difusão e consolidação da sociedade moderna. Nesse contexto, a reprodução de dinâmicas produtivas hegemônicas em determinados períodos da história têm levado a sucessivas reconfigurações territoriais, a partir de transformações na materialidade do território em que se destaca a instalação de novas infraestruturas de transporte e circulação, como portos, aeroportos, rodovias e ferrovias. A presente pesquisa tem como objetivo geral analisar as transformações territoriais decorrentes da construção da ferrovia Nova Transnordestina no município de Paulistana, Piauí. Para tanto, visamos especificamente compreender os principais impactos da construção da ferrovia sobre as atividades econômicas no município de Paulistana; conhecer conflitos e processos de expropriação relacionados à construção da ferrovia no município e analisar os rebatimentos das dinâmicas produzidas a partir da construção da ferrovia em Paulistana, evidenciando sua materialização em objetos e/ou próteses espaciais. A pesquisa contou com levantamento de documentos e dados junto à CEPRO, ao IBGE e em secretarias estaduais do Piauí. Destaca-se como fontes documentais o Relatório de Impacto Ambiental da ferrovia Nova Transnordestina: Trecho Eliseu Martins (PI) a Trindade (PE) - EIA RIMA, o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) da Estrada de Ferro 232, além de relatórios disponíveis nos sítios eletrônicos do PAC, do DNIT e da CNT. Tais documentos se encontram em fase de análise e contribuirão com as reflexões para a versão final da dissertação. Como fontes bibliográficas, que permitiram a definição de um marco teórico-metodológico para a pesquisa, destacam-se as obras de Silveira (2007, 2011), Raffestin (1993), Haesbaert (2002, 2009), Arroyo e Cruz (2015), Santos e Silveira (2012), Souza (2000, 2013) Moraes (2000, 2008, 2011), Costa (2013), Harvey (2005, 2012), Zibechi (2012), Saquet (2013), Camargo (2015), Alves (2015) e Façanha (2009). Além disso, se efetuou pesquisa de campo no município de Paulistana, onde foram realizadas entrevistas semiestruturadas com residentes do município, comerciantes, representantes da Prefeitura Municipal de Paulistana, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais e moradores de comunidades afetadas pela construção da ferrovia. As análises realizadas orientam-se a partir de uma perspectiva metodológica associada ao materialismo histórico e dialético, uma vez que visamos compreender contradições e conflitos derivados da inserção da ferrovia no município de Paulistana. Como resultados preliminares, a partir das atividades já realizadas, verificamos se que a obra da ferrovia Nova Transnordestina ocasionou uma série de transformações nas atividades econômicas, impulsionando o comércio e a construção de prédios comerciais, a valorização de imóveis e a especulação imobiliária, a instalação de novas atividades econômicas, principalmente do setor de serviços, ao mesmo tempo em que tem causando conflitos