O ensino de geografia escolar tem sido marcado, ao longo do tempo, pelo predomínio da memorização e do enciclopedismo. Essa forma de ensino, bastante utilizada nas salas de aulas, é fruto de uma prática docente pautada majoritariamente na verbalização dos conteúdos e ancorada no uso de recursos convencionais como o quadro branco e o livro didático, revelando um modelo de ensino característico da geografia clássica (CRISTIANE; QUEIROZ, 2016). Em uma sociedade caracterizada pela inovação tecnológica e pelo rápido processamento das mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais, a presença de outros recursos como a internet, as histórias em quadrinhos e o vídeo documentário, denominados de recursos didáticos não convencionais (SILVA, 2011), colaboram para uma dinamização da aula, pois tornam as atividades de ensino mais interativas, visto que estimulam a participação ativa do estudante. Diante das possibilidades ofertadas pelo uso destas linguagens para a aprendizagem de conteúdos geográficos, a presente pesquisa buscou investigar a representação social de recursos didáticos não convencionais partilhada por professores de geografia e estudantes do ensino médio. Para embasar a proposta de investigação recorremos aos seguintes autores: a respeito da contextualização do emprego de recursos didáticos na educação e no ensino de geografia escolar, utilizamos dos escritos de Carvalho (1970), Fiscarelli (2008), Gravesn (1978), Haydt ( 2006), Justino (2011), Libâneo (2013) Lopes et al.(1991), Nérici (1987), Parra e Parra (1986) e Pinchamel (1978); a sobre a trajetória e presença da geografia no currículo escolar brasileiro, utilizamos as obras de Capel (2008), Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009), Rocha (1994), Pereira (1999) e Tonini (2003); para a compreensão da relação entre prática docente, recursos didáticos não convencionais e ensino de geografia escolar, nos embasamos nos estudos de Cavalcanti (2002; 2012; 2012), Callai (2013 e 2015), Castellar e Vilhena (2015), Cool et al (2000), Filizola (2009) Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009), Silva (2011) e Zabala (2010); em relação à Teoria das Representações Sociais e o ensino de geografia escolar utilizamos como literatura de apoio as obras de Abric (2000), Bomfim (2012), Jodelet (2001), Marková (2006), Moscovici (2010), Sá (2002) e Wagner (2000. A pesquisa apoia-se na Teoria das Representações Sociais, com o emprego da abordagem estrutural, idealizada por Abric(1998), tendo natureza qualitativa, categorizada como do tipo pesquisa ação. Foi realizada no Instituto Federal do Piauí, campus Teresina Central, localizada no centro da capital do Piauí. A investigação ocorreu em regime de colaboração, realizada entre agosto e dezembro de 2017, com observação da prática docente, planejamento, e execução de ações didáticas que tinham como intento a inclusão de produtos culturais na sala de aula de geografia, como forma de verificar a ocorrência de possíveis modificações na estrutura da representação social. Empregamos como instrumentos para a coleta da representação social de estudantes e professores sobre os recursos didáticos não convencionais o Teste de Associação Livre de Palavras (TALP), questionário socioeconômico e cultural, realização de grupo focal, bem como de entrevista semiestruturada. Os testes foram empregados na fase inicial e final da pesquisa colaborativa e para registro do acompanhamento das ações de intervenção adotamos diário de campo. O processamento das informações se deu por meio do uso de softwares Word, Excel e EVOC e emprego da técnica de análise de conteúdo. Os resultados obtidos apontam para a modificação das representações identificadas.