Essa pesquisa tem como objetivo geral analisar o Estado da Arte das questões socioambientais urbanas a partir dos eventos científicos da Geografia brasileira, abarcando um recorte temporal correspondente a dez anos (2008-2017). Destacam-se como objetivos específicos: (i) discutir as concepções subjacentes à relação sociedade-natureza no pensamento geográfico, situando a configuração da perspectiva socioambiental; (ii) discorrer sobre o contexto da problemática socioambiental no Brasil, com ênfase no ambiente urbano; (iii) verificar a partir de quais enfoques temáticos as questões socioambientais urbanas têm sido abordadas nos eventos científicos nacionais; (iv) indicar outras particularidades e tendências desta produção científica perante a temática em evidência. A metodologia comportou revisão bibliográfica sobre tópicos transversais à temática problematizada. Delimitou-se o método hipotético-dedutivo como método interpretativo geral. Aplicaram-se os pressupostos operacionais da Análise de Conteúdo ao exame da produção científica dos eventos selecionados. Os resultados apontam que uma parte da produção científica analisada apresenta sintonia com a perspectiva socioambiental. Em particular, o Estado da Arte das questões socioambientais urbanas converge para as respectivas tendências temáticas: (i) riscos e vulnerabilidades socioambientais; (ii) degradação dos recursos hídricos; (iii) qualidade socioambiental urbana; (iv) conflitos socioambientais urbanos; (v) eventos pluviais extremos; (vi) resíduos sólidos urbanos; (vii) ambiente urbano e saúde. Entre as demais particularidades e tendências demarcadas, indicam-se: (i) predomínio de estudos em municípios com porte populacional médio-grande; (ii) primazia de pesquisas nas escalas da zona urbana, bairro e bacia hidrográfica; (iii) produção científica diversificada quanto à formação acadêmica dos pesquisadores; (iv) diferenciada projeção nacional e intrarregional das Universidades quanto à produção de conhecimento a partir dos eventos científicos; (v) concentração da produção científica na Região Sudeste do Brasil, seguida por Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte. A despeito de não se constituir em enfoque hegemônico nos eventos científicos da Geografia brasileira, conclui-se que a produção acadêmica pautada na valorização das contradições sociais como dimensão intrínseca aos problemas ambientais avança no melhor discernimento das complexas relações socioespaciais que arbitram a apropriação e transformação da natureza nos espaços urbanizados do Brasil. Espera-se que essa pesquisa possa contribuir para o conhecimento das tendências que marcam o Estado da Arte da produção geográfica nacional sobre a questão socioambiental urbana.