A agricultura familiar desempenha papel significativo no abastecimento do mercado interno brasileiro, bem como na geração de emprego e renda, visto que representa 85% dos estabelecimentos agropecuários do país, sendo esta atividade a principal responsável pela produção de alimentos que chega às mesas das famílias brasileiras, respondendo por cerca de 70% dos produtos consumidos no Brasil. Entre os produtos alimentícios provenientes da agricultura familiar, destacam-se: mandioca, feijão, carne suína, carne de aves e milho. Assim, o agricultor familiar possui uma relação particular com a terra, seu local de trabalho e moradia. Deste modo, os assentamentos rurais emergem como formas da produção familiar voltadas para o autoconsumo e para o abastecimento das comunidades vizinhas a partir da produção excedente. Por conseguinte, essa atividade possibilita a geração de empregos diretos e indiretos a baixo custo, favorecendo o desenvolvimento rural com bases sociais mais justas. Neste contexto, tem-se a problemática desta pesquisa, a saber: em que medida o Assentamento Cansanção tem contribuído para a reprodução social, econômica, política, institucional e ambiental da agricultura familiar no processo de desenvolvimento rural? Como forma de elucidar esta questão-problema, procedeu-se ao seguinte objetivo geral: analisar os fatores socioeconômicos, políticos-institucionais e ambientais da agricultura familiar do Assentamento Cansanção do município de Cocal, Piauí. Destacam-se como objetivos específicos: (1) investigar a agricultura familiar do Assentamento Cansanção; (2) caracterizar o perfil socioeconômico, político-institucional e ambiental dos agricultores familiares e (3) discutir a importância da agricultura familiar em âmbito municipal, estadual, considerando as políticas nacionais de fortalecimento da agricultura familiar. Dentro de uma perspectiva de investigação quali-quantitativa, exploratória e documental, os procedimentos metodológicos adotados basearam-se em: pesquisa bibliográfica, documental e levantamento de dados, assim como na aplicação de questionários e entrevistas semiestruturadas com dezoito (18) agricultores familiares, um (1) líder sindical e quatro (4) gestores públicos. Entre os resultados atingidos nesta investigação, tem-se que o desenvolvimento rural respaldado na geração de emprego e renda a partir da agricultura familiar do Assentamento Cansanção enfrenta dificuldades para se concretizar, com destaque para os obstáculos impostos pelas parcerias estabelecidas entre os próprios assentados. Neste aspecto, sugere-se que os agricultores assumam sua condição de coletividade. Além disso, torna-se necessária a implantação de políticas públicas diferenciadas para esse segmento a nível nacional e local, indo desde o crédito de custeio e investimento à assistência técnica continuada, observando as potencialidades e fragilidades dos assentados, fortalecendo, assim, as condições produtivas para a geração e comercialização da produção excedente, bem como valorizando os modos de vida e acesso aos recursos, bens e serviços que substanciem o desenvolvimento rural da comunidade Cansanção.