Desde o advento da Revolução industrial o homem passou a efetuar transformações cada vez maiores na natureza, muitas dessas transformações geraram desequilíbrios que passaram a ser motivo de preocupação no mundo inteiro, especialmente a partir da década de 1970, quando se intensificaram as discussões internacionais sobre a necessidade de preservação do meio ambiente, no entanto os elementos bióticos e abióticos da natureza não receberam o mesmo peso nesse movimento conservacionista, uma vez que só a partir da década de 1990 começam, efetivamente, os debates a respeito da importância dos elementos abióticos da natureza (geodiversidade) para o equilíbrio da vida no planeta e para o desenvolvimento das sociedades humanas, destacando a importância da sua conservação. Nesse sentido, faz-se cada vez mais necessário a avaliação desta, de modo a identificar a parcela que se constitui como patrimônio a ser conservado. No intuito de contribuir nesse esforço é que este trabalho avalia o patrimônio geológico/geomorfológicos nos municípios de Caldeirão Grande do Piauí e Francisco Macedo – Piauí, como suporte a iniciativas de geoconservação e geoturismo. Para alcançar esse objetivo optou-se pela adoção da metodologia proposta por Pereira (2006) para a inventariação do patrimônio geológico/geomorfológico e a metodologia proposta pela CPRM (2016) para a quantificação desse patrimônio, considerando o valor científico, o potencial educativo e turístico, e o risco de degradação dos geomorfossítios, estabelecendo ao final um ranking de relevância dos mesmos. Foram inventariados dez geomorfossítios, dos quais oito foram quantificados, são eles: Pedra do Sino da Berlenga, Pedra do Machado, Serra dos Cocos, Paredões da Batinga, Ladeira dos Pereiros, Olho d’água da Noite Escura, Pedra Pintada e Lagoa azul da pedreira. A quantificação revelou que em sua maioria os geomorfossítios apresentam grande valor científico (dois com relevância regional ou local, cinco com relevância nacional e um com relevância internacional), e possuem um elevado potencial de uso educativo (todos com relevância nacional). Quanto ao potencial de uso turístico, apenas a Serra dos Cocos apresenta um elevado potencial de uso turístico (nível nacional), os demais apresentam potencial regional/local. No que se refere ao risco de degradação, seis geomorfossítios apresentaram risco baixo e dois risco médio, não demandando medidas de proteção a curto prazo. Em relação ao ranking de relevância, na área pesquisada, são considerados como Sítios da geodiversidade de relevância nacional a Lagoa azul da pedreira e os Paredões da Batinga; como Geossítio de relevância nacional a Pedra Pintada, o Olho d’água da Noite Escura, a Serra dos Cocos, a Pedra do Sino da Berlenga, e a Pedra do Machado; como Geossítio de relevância internacional, tem-se a Ladeira dos Pereiros.