O processo de distribuição irregular de terra no país que tem origem no período colonial propiciou um ambiente conflitante no campo brasileiro, uma vez que o camponês luta contra a exploração da sua força de trabalho e o latifundiário luta pela permanência do sistema de exploração. Neste contexto, os conflitos no campo permearam em todas as fases da política brasileira. Contudo, no final da década de 1950 e início da de 1960, os camponeses organizaram e revindicaram políticas fundiárias. Embora os camponeses tendo lutado em todas as fases da política do Brasil, foi a partir dos anos 80 do século XX, no período da redemocratização, que os grupos sociais sem-terra auferiram mais notoriedade pública, principalmente com as estratégias de ocupação de terras improdutivas, adotadas pelo MST. Esse cenário político favoreceu a implantação de assentamentos rurais, os quais são territórios de luta e conquista dos trabalhadores rurais sem-terra, que historicamente foram excluídos do processo de divisão da terra. Diante do exposto, traçamos como objetivo geral da pesquisa analisar o desenvolvimento social, econômico e ambiental dos assentamentos Santana Nossa Esperança e Santana Nossa Vitória, tendo como base as políticas públicas de organização fundiária. Para alcançarmos os objetivos traçados, utilizamos a pesquisa bibliográfica em livros, teses, dissertações, artigos científicos e pesquisa documental em documentos fornecidos pela Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária no Piauí – INCRA/PI e Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Piauí FETAG/PI. Na pesquisa de campo, realizamos visitas de observação e coleta de dados junto aos assentados dos assentamentos Santana Nossa Esperança e Santana Nossa Vitória, com aplicação de formulário de pesquisa a 30 chefes de famílias dos assentamentos Santana Nossa Esperança, escolhido de um total de 150 residentes, que representam uma amostragem de 20% e no assentamento Santana Nossa Vitória aplicamos o formulário de pesquisa a 13 chefes de famílias de um total de 65 residentes, que representam também, uma amostragem de 20%. Os principais resultados que o estudo apresentou foram relacionados ao retrocesso nas políticas de reorganização fundiária na atual conjuntura política brasileira, bem como a vulnerabilidade social nesses projetos, devido à falta de assistência básica como posto de saúde, transporte coletivo, escolas públicas, além do aumento de assaltos nesses territórios. Esses problemas são ocasionados pela ausência de atuações públicas, o que mostra a necessidade de acompanhamento mais próximo por parte dos órgãos envolvidos, bem como das entidades representativas do campo. O desenvolvimento territorial rural dos assentamentos, objeto desse estudo, requer ações de discussão dos problemas internos a partir do diálogo, pensando no bem coletivo.