Os rios, que são elementos naturais fundamentais na história das civilizações, influenciam através da sua morfologia a paisagem urbana. A paisagem ribeirinha em contexto urbano sofre intensas modificações em função da dinâmica de natureza e do funcionamento da sociedade capitalista. Notório quando suas águas transbordam ou secam, quando ocorre assoreamento, quando se tem a presença de lixo e quando pressupõem sufocamento da estrutura urbana da cidade. Mas também são espaço de construção sociocultural quando, através das intervenções humanas, permitem a prática de atividades econômicas ou de trabalho, de transporte, de lazer e de moradia. Dessa forma, é possível constatar que os rios urbanos são palco de diversas vivências e usos, formando diferentes paisagens dentro de uma mesma cidade. Em Teresina, a população assume variadas posturas em relação aos rios Parnaíba e Poti e, o direcionamento do seu comportamento perante o elemento fluvial se coloca de acordo com a vivência nutrida cotidianamente, observadas nas práticas que os aproximam ou os afastam, podendo resultar em vínculos de afetividade ou mesmo esquecimento. Neste sentido, esta pesquisa pretende responde ao seguinte questionamento: Como a população de Teresina percebe a paisagem fluvial? Assim, intenciona investigar como os moradores do bairro Poti Velho percebem os rios Parnaíba e Poti, identificando o relacionamento dos habitantes do bairro com os rios, já que os rios são determinantes para a sua paisagem. O recorte espacial onde situará a investigação, o bairro Poti Velho, justifica-se pela sua importância histórica em situar-se às margens do encontro dos rios, fato que foi decisivo para a implementação da transferência, para essas terras, da sede administrativa da capitania localizada, então, em Oeiras. Para compreender as particularidades da percepção da paisagem fluvial e as memórias e histórias acerca do lugar propôs-se os seguintes objetivos específicos: 1 – descrever a paisagem e o lugar do bairro Poti Velho através da pesquisa empírica por observações in loco; 2 - investigar e identificar os marcadores identitários (marcos referenciais) do bairro e destacar aqueles associados aos rios Parnaíba e Poti; e 3 – analisar a percepção que os moradores do bairro Poti Velho possuem dos rios. Desta forma, a pesquisa ancora-se na abordagem da Geografia Humanista de Tuan (1979,1983), Cosgrove (1989), Gomes (1997), Corrêa (1995, 2001, 2003, 2012), Souza (2013) e na interpretação fenomenológica do arquiteto Norberg Schutz (1980). Como resultado do processo investigativo da percepção dos rios, esta pesquisa propõe mapear os elementos urbanos do bairro Poti Velho que se associam com os rios Parnaíba e Poti.