A Base Nacional Comum Curricular, aprovada em dezembro de 2017, em sua versão final para o Ensino Fundamental, e em 2018 a versão final para o Ensino Médio, passa a ser uma referência nacional normativa para os processos de elaboração de currículos e materiais didáticos, de políticas de formação de professores, de critérios para avaliações. Diante disso, o foco desta investigação é o conhecimento acerca do ensino da linguagem cartográfica na educação básica, na perspectiva da BNCC. Pretende-se conhecer os desafios para implantação da BNCC na educação básica, notadamente entre os docentes da rede pública estadual, lotados na 4ª GRE (Gerência Regional de Ensino) na cidade de Teresina, Estado do Piauí. Nessa perspectiva, estabeleceu-se como objetivo geral analisar a proposta de currículo da BNCC para a linguagem cartográfica no Ensino Fundamental na disciplina Geografia. E, como objetivos específicos: identificar as concepções de currículos que contribuíram para a construção da BNCC, sobretudo para o ensino de Geografia; relacionar a BNCC do Ensino Fundamental com o Currículo do Piauí, no tocante à linguagem cartográfica e verificar junto aos professores de Geografia da 4ª GRE/SEDUC-PI os desafios e os encaminhamentos para a implantação da BNCC e da linguagem cartográfica no Ensino Fundamental. A metodologia consistiu em levantamento bibliográfico sobre as principais teorias de currículo que influenciam a educação básica brasileira e os desdobramentos dessas concepções no uso da linguagem cartográfica no ensino de Geografia. Além disso, houve a análise documental, sobretudo da BNCC (BRASIL, 2018) e do Currículo do Piauí (PIAUÍ, 2019), identificando suas concepções e as propostas para o uso da linguagem cartográfica no ensino de Geografia. E a aplicação de questionários para os professores de Geografia que ministram aulas na 4ª GRE/SEDUC-PI na cidade de Teresina. A interpretação geral das informações ocorreu conforme as análises teórico-metodológicas com abordagem qualitativa no contexto das reflexões dos autores Silva (2019), Lopes e Macedo (2011), Portela (2020), Cavalcanti (2005, 2011, 2019), Castellar e De Paula (2020), Richter (2017), Richter e Moraes (2020) e Duarte (2017). Como resultados, identificou-se que são poucos os trabalhos de “currículo de Geografia e a BNCC” nos programas de pós-graduação no Brasil. Verificou-se similaridades entre as concepções de currículo propostas por Silva (2019) e as concepções curriculares no ensino de Geografia no Brasil. Além disso, constatou-se que não é possível identificar uma única concepção de Currículo para BNCC (2018) e que o Currículo do Piauí (2019) incorporou as concepções da Base. Identificou-se também que a concepção de linguagem cartográfica proposta pela BNCC (2018) está alinhada às pesquisas desenvolvidas nos programas de Pós-graduação no Brasil nas últimas décadas. Na análise dos questionários, foi possível perceber que os professores consideram importante o uso do mapa no ensino de Geografia e que utilizam as representações cartográficas em suas aulas, entretanto, existe um distanciamento entre as práticas dos professores e a proposta da Base, pois, de maneira geral, os mapas são utilizados apenas para ilustrar o fenômeno estudado. A BNCC (2018) e o Currículo do Piauí (2019) propõem que o ensino de Geografia faça uso da linguagem cartográfica para desenvolver o pensamento espacial articulado ao raciocínio geográfico para que o aluno desenvolva a competência e a habilidade para compreender o mundo em que vive, e essa consiste em ser a principal proposta resultante desta pesquisa, aliada à necessidade de formação continuada dos docentes para que haja uma compreensão dos documentos que fundamentam o currículo de Geografia