A paisagem ribeirinha se apresenta de diversas formas dentro da cidade. Desde o princípio da história das cidades e dos primeiros povoados, os rios foram fundamentais fomentando uma variedade de paisagens culturais através da sua morfologia e da maneira com que as pessoas lidam com eles, utilizando-os para o banho, para matar a sede e irrigação das plantações. Dessa forma, essas paisagens ribeirinhas constituem-se em lugares com significados, definindo aquele espaço vivido, conforme constatou Tuan (1983) em seus estudos voltados para a compreensão do papel do ser humano no espaço geográfico formando um novo ramo da Geografia, a Geografia Humanista. Juntamente com de Tuan (1979,1983), Cosgrove (1989), Gomes (1997), Corrêa (1995, 2001, 2003, 2012), Souza (2013) são representantes de uma geografia com inspiração fenomenológica, que enfatiza a experiência humana no espaço. Autores que compõe o arcabouço teórico deste estudo em consonância com o pensamento fenomenológico de Norberg-Shultz (1980) que discrimina o lugar através de etapas de observação. Porém, a paisagem ribeirinha vem sofrendo intensas modificações dentro do contexto ambiental urbano, devido à dinâmica da vida moderna, notório quando suas águas transbordam ou secam, quando ocorre assoreamento, quando há a presença de lixo e sufocamento da estrutura urbana formando diferentes paisagens dentro de uma mesma cidade. Nesta dissertação, será destacado o papel dos rios Poti e Parnaíba nas paisagens culturais da atual região do Poti Velho de Teresina. Assim, intenciona investigar as paisagens culturais dos rios Parnaíba e Poti, identificando o relacionamento dos habitantes com os rios, já que estes são determinantes para a sua paisagem. Particular atenção será dada às paisagens que contemplam os marcos que referenciam a cultura pujante no lugar. As paisagens culturais ribeirinhas em Teresina, no âmago do espaço vivido e percebido, podem ser vistas como um “antídoto” para o discurso que tenta invisibilizar a efervescência das margens ribeirinhas, reforçando uma cultura de costas para os rios. A partir da oposição “de frente ou de costas para o rio”, as paisagens culturais buscam se solidificar dentro do cenário urbano teresinense, como uma forte acentuação da experiência humana no espaço geográfico, reforçando esses lugares de memória e repleto de significados.