RESUMO
O presente estudo objetiva investigar o processo de institucionalização da ciência geográfica e do início da formação acadêmica de professoras e professores de geografia no Piauí a partir da fundação da Faculdade Católica de Filosofia do Piauí (FAFI) entre os anos de 1958 e 1971. Por um lado, busca-se problematizar como a criação do curso de geografia no Piauí faz parte do processo de expansão dos cursos superiores de geografia no Brasil após a década de 1930, por outro, examina-se o processo de institucionalização da geografia piauiense como parte do seu projeto de transformações espaciais particulares atrelados a modernização do território e, em especial, das metamorfoses econômicas, políticas e culturais na cidade de Teresina. Para isto, três eixos de pesquisa foram constituídos, orientando nossa investigação: um primeiro deles referente a pesquisa bibliográfica e a revisão de estudos já realizados sobre a institucionalização da geografia no Brasil e, em especial, a FAFI; um segundo vinculado as análises dos currículos do curso de geografia da FAFI e, por fim, um terceiro referente ao mapeamento fragmentado das principais bibliografias utilizadas no curso de Geografia da FAFI. Em suma, a origem da formação acadêmica em geografia no estado do Piauí possuem dois fortes aspectos, primeiro: carregou em si uma influência da difusão da geografia francesa e da recente institucionalização da geografia no Brasil em instituições como a Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), sendo possível verificar a estruturação do currículo numa divisão entre Geografia Regional, Geografia Humana, Geografia Física e Geografia Biológica, com a influência de referências nacionais e estrangeiras, como Maximilien Sorre, Emmanuel De Martonne, Aroldo de Azevedo e Pedro Pichas Geiger; segundo, a formação do curso de geografia também expressou um esforço de adaptação local, ou seja, o de pensar o desenvolvimento da ciência geográfica atrelado a realidade econômica, política e cultural do Piauí e de Teresina, tendo destaque os desejos de mudanças instalados pela elite, bem como, a centralidade que a religião Católica possou a ter na organização da formação de professoras e professores de geografia, uma vez que, verificou-se a presença da disciplina de Teologia no currículo do curso, influenciando na formação de profissionais evangelizados, uma espécie de “controle” da ciência pela fé, ou melhor, da formação de geógrafas e geógrafos “evangelizados” no período que transitava da República Nova aos primeiros anos da Ditadura Militar.