A presente pesquisa foi realizada a partir da necessidade de repensar como se desenvolve o ensino de Geografia para estudantes com deficiência visual (DV) no que tange ao conceito de lugar. A compreensão desse conceito pode ser melhor efetivada a partir do espaço de vivência do estudante. Nesse contexto, o estudo tem como objetivo geral: analisar de que forma o estudante com deficiência visual percebe e constrói o sentido do lugar no ensino de Geografia, com sua vivência diária no percurso casa-escola, na cidade de Caxias-MA. Os objetivos específicos são: a) discorrer sobre materiais didáticos táteis utilizados na alfabetização de estudantes deficientes visuais no ensino de Geografia; b) identificar os conhecimentos e práticas dos professores de Geografia no ensino do lugar para estudantes com deficiência visual e c) verificar como o estudante com deficiência visual percebe e constrói o sentido do lugar por meio do seu espaço vivido. A pesquisa foi desenvolvida em três etapas: levantamento bibliográfico; pesquisa documental e de campo. Destacam-se autores que contribuíram no estudo: Callai (2010); Carlos (2007); Carmo (2011); Cavalcanti (2012); Lefebvre (2006), Serpa (2019); Silva (2015); Tuan(2012); Tuan (2015); Tuan (2018), entre outros. A pesquisa documental trata das normativas existentes acerca do objeto de estudo. Assim, foram analisados Leis e Decretos sobre a inclusão de estudantes com deficiência em sala de aula. Participaram da pesquisa de campo, dois professores de Geografia e dois estudantes com deficiência visual. Para coleta dos dados empíricos, utilizou-se como instrumento de pesquisa um questionário que foi aplicado junto aos professores de Geografia por meio do Google Forms, em face ao contexto da pandemia da Covid-19, além de entrevistas realizadas com estudantes portadores de deficiência visual, ocorrendo de forma presencial, em suas residências. Os dados alcançados nos questionários com os professores possibilitaram compreender o perfil dos docentes quanto à atuação, à formação profissional, às dificuldades e estratégias voltadas para o ensino de estudantes com deficiência visual, dando destaque para o estudo do lugar. Os dados evidenciaram que os professores possuem conhecimento da importância da inclusão de estudantes desprovidos do sentido da visão em sala de aula, entretanto, o professor A desconhece metodologias que possam favorecer a aprendizagem dos discentes nos conteúdos geográficos e, em especial, o estudo do lugar. Já o professor B possui conhecimentos e utiliza-se de estratégias em sala de aula com a presença de estudantes com deficiência visual, no entanto, ainda assim, apresenta dificuldades ao lecionar para esse público-alvo. A entrevista realizada com os estudantes possibilitou compreender como estes estruturam e organizam as informações presentes no espaço, com sua vivência no percurso casa-escola, para a construção do sentido do lugar. Nesse sentido, com base nas narrativas dos estudantes, foram confeccionados materiais táteis a partir das informações coletadas referentes ao seu espaço de vivência. Assim, para o estudante William foram elaborados um total de 11 representações táteis que favoreceram a construção de sua aprendizagem quanto ao ensino de Geografia; e para o estudante Lucas, um total de 6 representações táteis. Os materiais foram confeccionados de maneira artesanal e com texturas que fossem positivas para a leitura tátil dos estudantes. Espera-se que a pesquisa contribua para a formação dos professores de Geografia acerca do processo de ensino e aprendizagem de estudantes deficientes visuais, e que orientem as práticas em sala de aula, com o intuito de garantir a inclusão desses sujeitos no ambiente escolar.