A hanseníase, também conhecida como lepra, é uma doença crônica infectocontagiosa de evolução lenta causada pelo Mycobacterium leprae, afeta principalmente a pele, nervos periféricos e mucosas, sendo classificada em quatro formas clínicas: Indeterminada, Tuberculoide, Dimorfa e Virchowiana. Por ser uma das doenças tropicais mais negligenciadas que tem um grande risco de gerar deformidades e incapacidades físicas permanentes, assim trazendo muito prejuízo na qualidade de vida dos acometidos pela doença, é considerada um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. De acordo com os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN do Ministério da Saúde - MS no estado do Maranhão a taxa de detecção de casos novos de hanseníase com grau 2 de incapacidade física foi de 35,2 casos/1 milhão de habitantes em 2011 e de 15,7/1 milhão de habitantes em 2020, com tendência da detecção de casos novos no estado considerada estacionária. O município de Caxias, localizado na região leste maranhense, é considerada uma das principais cidades do estado com o maior número de casos novos notificados da doença. Neste contexto, o estudo objetivou analisar a distribuição geográfica e os aspectos epidemiológicos da hanseníase no município de Caxias/MA no período de 2012 e 2022. Este estudo caracteriza-se pela realização de uma investigação ecológica e descritivo, com dados extraídos do SINAN, Coordenação de Vigilância Epidemiológica Municipal e bases cartográficas do mapa cadastral da cidade para elaboração de mapas e análise dos dados, utilizando Sistema de Informação Geográfica – SIG com o software Qgis. Nesse recorte temporal foram registrados um total 1.285 casos, destes 87,90% correspondem a forma de entrada com predominância de casos novos, 55,20% correspondem ao sexo masculino, 66,70% se autodeclaram pardos, 20,70% com Ensino Fundamental incompleto e 88,80% residem em áreas urbanas. Na análise de regressão multinomial, ser do sexo masculino, raça parta e preta têm uma maior probabilidade de serem classificados com a doença, e residir na zona rural têm uma probabilidade significativamente maior de serem identificados como "Não classificado”. Nos aspectos geográficos destacou que, a expansão urbana do municipio contribui na disseminação da doença para diversas zonas devido ao movimento migratório, gerando novas áreas endêmicas devido a urbanização desordenada, com população de baixa renda e aglomerada em casebres suscetíveis, principalmente em áreas de encostas com retirada de cobertura vegetal e presença de lixo, tornando-se áreas de vulnerabilidade para o desenvolvimento e permanência da hanseníase no espaço geográfico. Conclui-se que a concentração desses casos foi na zona urbana de forma heterogênea, bairros com aspectos históricos da doença localizados próximo as encostas do Morro do Alecrim e às margens do rio Itapecuru, assim como bairros recém ocupados na periferia da cidade decorrente da expansão urbana. O uso de um Sistema de Informação Geográfica – SIG com elaboração de mapas, serviu de base para a direcionamento de campanhas para diagnóstico e controle dos casos, especialmente para áreas endêmicas, objetivando contribuir com o plano de Estratégia Nacional para o Enfrentamento da Hanseníase no município através de ações de controle, fator importante para a redução de custos nos serviços de saúde.