Nas últimas décadas, vê-se um crescente número de publicações acerca de temas voltados ao estudo da vertente abiótica da natureza, tais como geodiversidade, patrimônio geomorfológico, dentre outros. Trata-se de uma tentativa de preencher a lacuna relacionada a esses temas, em relação ao espaço que a natureza biótica já apresentava nas geociências. Especialmente nos últimos 20 anos, tais temáticas ganharam destaque no meio científico internacional, o qual cresce contínua e significativamente. No Brasil, entretanto, mesmo possuindo enorme geodiversidade, ainda há carência de estudos sobre tais áreas, apesar do crescente número de eventos e publicações relacionados ao assunto, tendo em vista a grandeza do território e a riqueza presente neste, ainda desconhecida. É sobre uma dessas diversas áreas do território nacional cuja natureza abiótica ainda é carente de estudos que trata esta pesquisa, uma vez que a mesma realiza o levantamento da geodiversidade e a avaliação do patrimônio geológico/geomorfológico das “Cidades de Pedras”-PI, localizadas em área de litígio entre os municípios piauienses de São José do Piauí, Bocaina, São João da Canabrava e Sussuapara, na mesorregião Sudeste Piauiense, microrregião de Picos-PI. Diante disso, essa pesquisa se propôs a realizar um levantamento da geodiversidade e do patrimônio geológico/geomorfológico da área supracitada, procedendo-se a avaliação destes, como suporte a iniciativas de geoconservação e geoturismo, para com tal embasamento sugerir a utilização da mesma, como local potenciador de atividades ligadas à educação ambiental e geoturísticas. O foco da pesquisa foram os valores turístico e didático, pelo intuito de unir o valor geoturístico do local à educação ambiental, possibilitando o desenvolvimento sustentável da área. A metodologia utilizada foi dividida em quatro etapas, a saber: a primeira, o levantamento e análise teórica, para a devida fundamentação, tomando por base autores como Brilha (2005), Pereira (2006), Pereira (2010), Oliveira (2015), Brilha (2015), Santos (2016), entre outros; a segunda, estudo de diferentes metodologias utilizadas na avaliação do patrimônio geológico e geomorfológico, seguida da escolha da metodologia adotada para o presente estudo; a terceira, realização da pesquisa de campo e do material cartográfico e a quarta, a proposição de estratégias de divulgação e valorização das “Cidades de Pedras”-PI. Por meio desta metodologia pôde-se evidenciar a geodiversidade do local analisado e constatar seu alto potencial geológico/geomorfológico para uso didático e geoturístico, haja vista os resultados apresentados na quantificação conforme metodologia de Oliveira (2015) terem mostrado que a maioria (seis) dos quatorze geomorfossítios estudados são de médio potencial turístico e didático, seguidos por quatro com alto e mais quatro com baixo potencial. Além disso, conforme metodologia da CPRM (2016) todos os geomorfossítios pesquisados possuem relevância nacional no valor educativo e oito no valor turístico. Quanto ao Risco de Degradação, na maioria (dez) dos geomorfossítios, este é médio, em três, é baixo e apenas um geomorfossítio, “Afloramento de Diabásio”, possui alto Risco de Degradação. Pôde-se também constatar o potencial maior da primeira “Cidade de Pedras”-PI, quando comparados os resultados apresentados pelos geomorfossítios separados por “Cidades”, na análise conjunta do valor turístico e didático, conforme metodologia de Oliveira (2015) e do Potencial Uso Educativo, Potencial Uso Turístico e Risco de Degradação, conforme metodologia da CPRM (2016).