A epidemiologia da hanseníase, em particular a sua distribuição geográfica, permanece com numerosas lacunas e enigmas. As principais áreas historicamente endêmicas no mundo encontram-se sob clima tropical, com elevadas temperaturas e precipitações pluviométricas. O contexto histórico da ocupação dos territórios é considerado como possível justificativa da manutenção de focos da doença. No entanto, geralmente é aceita a associação da hanseníase com condições desfavoráveis de vida, considerando os fatores econômicos, higiênico-sanitários e biológicos. O município de Caxias localiza-se na zona de transição presente na região leste no estado do Maranhão e está ligada ao semiárido nordestino, características amazônicas e aos chapadões do Brasil central, além disso, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) está entre as principais cidades com o maior número de casos novos notificados da doença em menores de 15 anos nos últimos anos. Neste contexto, o estudo objetivou analisar a distribuição geográfica e os aspectos epidemiológicos da hanseníase no município de Caxias/MA no período de 2012 e 2022. Este estudo caracteriza-se pela realização de uma investigação ecológica e descritivo, com dados extraídos do SINAN, Coordenação de Vigilância Epidemiológica Estadual e Municipal e bases cartográficas do mapa cadastral da cidade para elaboração de mapas e análise dos dados, utilizando Sistema de Informação Geográfica (SIG). Durante o período foram registrados um total 1.493 casos, destes 70,7% correspondem ao sexo masculino com faixa etária entre 40 e 70 anos (30,76%), com Ensino Fundamental incompleto (51,92%), residindo na zona urbana (84,61%), com classificação operacional multibacilar (96,15%), forma clínica dimorfa (32,69%), O grau 0 de incapacidade física foi o mais frequente (50%), seguido do grau I (40,39%). A concentração desses casos foi localizada em bairros com aspectos históricos da doença, às margens do rio Itapecuru, assim como bairros recém ocupados na periferia da cidade. O mapeamento servirá de base para a realização de campanha para diagnóstico e controle dos casos, especialmente direcionada para áreas endêmicas, objetivando contribuir com o plano de Estratégia Nacional para o Enfrentamento da Hanseníase no município, além disso, o uso de um SIG na hanseníase mostra-se extremamente eficaz, proporcionando o entendimento espacial da distribuição da doença e direcionando a execução de ações de controle com importante redução de custos nos serviços de saúde.