Este trabalho investiga o processo de criação dos Bairros Amigáveis à Primeira Infância (BAPI) como estratégia de planejamento urbano em Teresina-PI, buscando compreender de que forma a cidade pode incorporar princípios da cidade educadora e do urbanismo voltado à infância. O estudo parte da problemática da exclusão das crianças nos processos decisórios e na configuração dos espaços urbanos, evidenciando a necessidade de práticas que assegurem sua inclusão como sujeitos de direito e cidadãos ativos desde os primeiros anos de vida. O objetivo central consistiu em compreender como os BAPI podem orientar políticas públicas e instrumentos de gestão urbana, articulando valores de cidadania, educação e bem-estar infantil ao ordenamento territorial. Os objetivos específicos compreenderam identificar os princípios do planejamento urbano para uma cidade educadora, analisar o desenvolvimento do Plano de BAPI em Teresina e discutir a relevância das diretrizes propostas para a promoção da cidadania infantil. A pesquisa adotou abordagem teórico-metodológica qualitativa, com revisão bibliográfica e documental, análise de experiências nacionais e internacionais e estudo do Plano de BAPI elaborado para Teresina. Os resultados indicam que, embora o plano configure importante avanço ao inserir a primeira infância na pauta do planejamento urbano, ainda se trata de uma construção em estágio inicial, marcada pela necessidade de maior articulação intersetorial, institucionalização das diretrizes e fortalecimento da participação social. A análise revelou que a perspectiva da cidade educadora amplia a compreensão sobre o papel do espaço urbano como promotor de cidadania e desenvolvimento integral, permitindo integrar educação, mobilidade, lazer, saúde e segurança em um projeto de cidade inclusiva. Constatou-se, ainda, que a adaptação do guia prático da Urban95 ao contexto local representa contribuição significativa, ao mesmo tempo em que evidencia desafios relacionados à implementação, monitoramento e continuidade das ações. Conclui-se que a pesquisa reforça a importância da inserção da infância como eixo estruturante no planejamento urbano, contribuindo para o debate acadêmico e para a formulação de políticas públicas que reconheçam as crianças como protagonistas da vida urbana.