A leishmaniose classifica-se como uma doença negligenciada, causada por protozoários do gênero Leishmania com
alta incidência e mortalidade, evidenciada por sua relevância e impacto nos sistemas de saúde. O tratamento
disponível atualmente para a população é limitado, com uso de fármacos que apresentam elevada toxicidade, alto
custo, resistência parasitária e dificuldade de acesso em regiões endêmicas. Nesse contexto, produtos naturais e seus
derivados destacam-se como uma importante fonte de moléculas bioativas com potencial terapêutico, entretanto
ocorrem dificuldades no isolamento desses compostos o que impulsiona a síntese de moléculas derivadas
estruturalmente desses produtos. A implementação de estratégias para a obtenção de compostos com maior pureza e
com propriedades farmacológicas aprimoradas representa uma alternativa promissora no desenvolvimento de novas
alternativas terapêuticas. Este estudo avaliou o composto sintético SD4, derivado da β-lapachona, quanto à atividade
antileishmania, toxicidade e efeitos imunomoduladores. O SD4 apresentou inibição significativa das formas
promastigotas de L. amazonensis e L. infantum e reduziu a infecção intracelular em macrófagos em 62,4% e 54,7%,
respectivamente, na concentração de 2× CI₅₀. Ensaios de citotoxicidade indicaram índice terapêutico de 28,68.
Enquanto testes de hemólise revelaram taxas inferiores a 5%, evidenciando segurança celular e ausência de efeito
hemolítico relevante. No modelo in vivo com larvas de Tenebrio molitor, a sobrevivência superou 80% após 72 horas.
O SD4 também aumentou a produção de óxido nítrico, capacidade fagocítica e volume lisossomal em macrófagos,
sugerindo efeito imunomodulador. Os resultados obtidos reforçam que compostos bioativos apresentam elevado
potencial no desenvolvimento de novos fármacos, sendo o SD4 um exemplo representativo dessa capacidade, o quejustifica a continuidade dos estudos para elucidar seu mecanismo de ação e sua eficácia como agente terapêutico
contra a leishmaniose.