Ensino de Filosofia para o desenvolvimento do pensar crítico: estudos com crianças no ensino fundamental
Educação Escolar. Ensino de Filosofia para criança. Pensar crítico.
Esta pesquisa coloca em realce o ensino de Filosofia como componente disciplinar no ensino fundamental, de modo específico, evidencia o interesse pela prática do ensino de filosofia com crianças, o que tem se configurado como uma das temáticas menos trazidas à pauta de discussões no âmbito da educação escolar. O objetivo do presente estudo é analisar a contribuição do ensino de filosofia no desenvolvimento do pensar crítico das crianças no ensino fundamental. Em decorrência delineia os seguintes objetivos específicos: Identificar as formas do pensar da criança sobre a realidade e suas atitudes em relação ao senso-comum; observar a capacidade da criança de debater e confrontar ideias; e analisar o pensamento crítico das crianças no desenvolvimento de seu modo de pensar no seu dia-a-dia. O interesse pelo ensino de filosofia com crianças partiu de inquietações decorrentes da vivência como Pedagoga, atuando como professora no ensino fundamental e, também, por ser graduada em Filosofia, atuando como professora de Filosofia no ensino médio, ambos na rede estadual de ensino, aspectos que levam ao questionamento: por que as crianças não têm acesso à Filosofia desde as séries iniciais? Levando em consideração a importância desta disciplina para o desenvolvimento do pensar das crianças, o que conduz elaborar o seguinte problema de pesquisa: De que forma o ensino de filosofia no ensino fundamental contribui para o desenvolvimento do pensar crítico das crianças? Para construir os pressupostos teóricos que lhe sustentam, conta com as contribuições de autores que discutem o ensino de filosofia com crianças, entre eles: Cunha (2008), Kohan (1999; 2004), Lipman (1995; 1999; 2014), Oliveira (2004), Silveira (2001); além de autores que investigam sobre a construção do pensamento crítico-reflexivo, como Dewey (1959), Lipman (1995; 1999; 2014), dentre outros. No campo metodológico, baseia-se em Coulon (1995), Lüdke e André (1986), Macedo (2000), optando pela etnopesquisa crítica de natureza qualitativa, que tem na etnometodologia sua abordagem teórica, e, na etnografia, o método. Tem como colaboradores 20 (vinte) alunos do 2º ano do ensino fundamental, bem como a professora da referida turma de uma escola particular. Este estudo utiliza os seguintes instrumentos e/ou técnicas de obtenção de dados: a observação participante, que tem como recurso o diário de campo, a fim de observar e registrar a prática filosófica dos alunos e da professora da turma; a entrevista aberta, a fim de obter dados sobre a formação e os conhecimentos filosóficos da professora da turma; e oficina de desenhos e contação de história, com o intuito de identificar o desenvolvimento do pensamento das crianças nas aulas de filosofia. A análise dos dados consiste na descrição e interpretação do conteúdo das observações participantes, da entrevista aberta e das oficinas de desenhos e contação de história, considerando duas categorias de análise: Ensinando Filosofia com Crianças e Desenvolvendo a Habilidade do Pensar. O presente trabalho mostra-se relevante por evidenciar o ensino de filosofia como um instrumento importante para o desenvolvimento do pensar crítico das crianças.