RELAÇÕES RACIAIS E DISCRIMINAÇÃO NA ESCOLA: UMA PRÁTICA EDUCATIVA EMANCIPATÓRIA EM CONSTRUÇÃO?
Formação. Discriminação/preconceito. Experiência. Prática educativa. Emancipação.
O presente documento apresenta os resultados principais da investigação sobre a prática educativa de algumas professoras afrodescendentes em sala de aula. A análise centra-se em compreender como a prática educativa dessas professoras afrodescendentes em sala de aula se relaciona com suas experiências de alunas. Discute como temáticas centrais a prática educativa, a discriminação/preconceito, a emancipação e a formação fundamentadas nos estudos de Freire (2006, 2014), Libâneo (2000), Zaballa (1998), Boakari (1994, 2003, 2010, 2013), Adorno (1995), Jaehn (2005), Gomes (2006, 1995, 2010), Giroux; Mclaren (1997), dentre outros. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa do tipo etnográfico, como vertente de investigação, junto a professoras do ensino fundamental, anos iniciais (1º ao 5º ano) que atuam em uma escola pública municipal da cidade de Caxias-MA. Para o acesso as informações consideradas relevantes, empregamos métodos e técnicas da etnografia: observação participante, entrevista não estruturada e o diário de campo como instrumento de apoio utilizado para a realização dos registros das informações. Para a análise dos dados, utilizamos as orientações da análise de conteúdo. As constatações das análises apontam a existência de uma disposição das professoras para atuarem quanto aos comportamentos de discriminação manifestos em ações pontuais e emergenciais de acordo com o grau de sua ocorrência, e possíveis consequências físicas e emocionais. Entretanto, por força das práticas tradicionais, não questionadoras de ensino e aprendizagem, de um currículo ainda mais tecnicista, que adaptado às realidades das diversidades contemporâneas, as questões relacionadas às diferenças, no caso atual, à afrodescendência, ainda não são problematizadas como objetos de conhecimento crítico transformador. Nosso estudo, a partir das discussões acerca da formação de professor, da estruturação curricular para a real existência de um pensar/fazer escolar multicultural e dialógico sobre as vivências e experiências identitárias, nos permite vislumbrar o desenvolvimento de um processo de ensino-aprendizagem reflexivo, podendo contribuir para a construção de uma prática educativa emancipadora. Considerando as história do Brasil, país que ainda é racista e machista, cuja escola não incorporou as diversidades de seu cotidiano o que dizer sobre uma prática educativa emancipadora? É esta a questão que não se cala.