O presente estudo tem como objetivo geral analisar o ensino primário noturno nas reformas educacionais no Piauí no período de 1871 a 1933. A escolha deste recorte deveu-se a compreensão de que em 1871 ocorreram às primeiras iniciativas do governo da Província Piauiense em instalar escolas noturnas , finalizando com a reforma de 1933, decorrente do Decreto nº 1.438 que trouxe mudanças no ensino primário do estado e consequentemente no ensino primário noturno. Com base no objetivo, o estudo foi desenvolvido a partir das seguintes questões norteadoras: Qual o espaço do ensino noturno na política educacional do período analisado? Essas escolas se diferenciavam das diurnas? O público que estas escolas atendiam se alterou ao longo do período analisado? Quem frequentava a escola noturna? Por ser noturna, a escola sempre abrigou adultos? O estudo tem embasamento em Beisiegel (1974), Paiva (1987), Bastos (1870), Freitas (1988), Nogueira (2012), Paiva (2010), dentre outros. Quanto à metodologia, foi utilizada a pesquisa documental. As fontes utilizadas na pesquisa foram os Relatórios Provinciais, Mensagens Governamentais, as legislações educacionais; os documentos da Direção da Instrução Pública, os documentos do Centro Proletário e escola 14 de julho. Também foram utilizados os jornais de época, como A imprensa 1880, Diário do Piauí 1913, O Piauhy 1871, Oeiras 1910 e o Diário Oficial de 1932. Os resultados da pesquisa demonstram que a implantação de escolas primárias noturnas no Piauí foi se constituindo a partir do ano de 1871, tendo entre os anos de 1871 a 1873 um expressivo número de escolas primárias noturnas, no entanto, em 1873 ocorreu o fechamento destas escolas, sendo aberta novamente em anos posteriores, mas como ações de particulares ou associações operárias. Além disso, a partir da mudança de regime politico, uma das principais alterações que o ensino primário noturno passou foi à mudança da idade escolar para ingressar nas escolas noturnas, sendo que nas primeiras décadas da República o critério seria que os alunos fossem trabalhadores e não apenas jovens e adultos como na implantação dessas escolas. Os indícios apontam que os programas de ensino não eram específicos para as escolas noturnas, além disso, os professores recebiam uma gratificação pelo exercício da profissão em horário contrário do seu trabalho, no entanto, eram responsáveis por despesas básicas para manter a escola funcionando. Consideramos este estudo não como um trabalho definitivo, mas, sim como uma janela que se abre para o diálogo com outras leituras e interpretações esperando que esse debate abra um leque de novas interpretações.