O modelo de Educação oficial pensada para as populações do campo acentuou a histórica desigualdade social e educacional no Brasil, contrastando com os modos de vida, com os saberes do povo e com a dinamicidade do dia-a-dia camponês. Essa lógica educacional unidimensional, alicerçada no modelo hegemônico colonizador, tem naturalmente uma visão limitada do lugar e do povo do campo, afirmando como conhecimento válido aquele pensado e imposto e a serviço do modelo vigente. É nesse contexto que surge a Educação no e do Campo como estratégia de transformação social, cultural e humana da população camponesa, incorporando instrumentos de mobilização necessários para fazer ecoar as vozes das populações que vislumbram superar a visão negativa de campo e para serem reconhecidas pelas suas especificidades, identidade e dinâmica, pela sua rica diversidade, e pela efetiva capacidade de contribuir para reafirmar o pertencimento com o seu lugar. A partir dessas reflexões estabelecemos a seguinte questão problema: Como as práticas educativas desenvolvidas na Ecoescola Thomas a Kempis contribuem para construção da identidade dos educandos/as ao campo? A pesquisa tem como objetivo, analisar as contribuições da prática educativa desenvolvida no contexto da Educação do Campo para construção da identidade dos educandos/as ao campo. Para a fundamentação das discussões sobre Educação do Campo dialogamos com: Caldart (1997), Fernandes (2002), Molina (2004), Arroyo (2005), dentre outros. Sobre Práticas Educativas: Freire (1985), Franco (2012), Paludo (2012), Charlot (2013), dentre outros. Acerca de Identidade e pertencimento nos fundamentamos em: Gadotti (1995), Hall (1992), Woordward (2000), Balman (2005), entre outros. A pesquisa foi desenvolvida na Ecoescola Thomas a Kempis, da zona rural do município de Pedro II, e constituir-se como pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso referenciado em Yin (2015). Recorremos à entrevista semiestruturada, a observação e ao questionário como dispositivos para produção dos dados empíricos. Em seguida foram organizados em eixos categoriais, para posteriormente ser analisados com o apoio da técnica de análise de conteúdo com base em Bardin (1977).