O sistema educacional brasileiro fundou-se pela negatividade dos direitos das classes populares à Educação, contexto que se aprofundou com a invisibilidade dos saberes e dos conteúdos da realidade social desses sujeitos, em razão da hegemonia da ciência eurocêntrica. A Educação Popular é uma prática educativa protagonizada nas lutas anticolonial, antipatriarcal e anticapitalista. Ao considerar esse contexto, emergiu o questionamento de como a Educação Popular contribui para a produção de novas práticas educativas fundamentadas entre saberes acadêmicos e saberes populares, na reinvenção do conhecimento e da universidade, na construção de um projeto de educação democrática e de uma sociedade de justiça social, diante do paradigma eurocêntrico centrado no produtivismo para o capital? Assim, foi constituída a seguinte tese: a Educação Popular possibilita a construção de novas práticas educativas fundamentadas entre saberes acadêmicos e saberes populares que incidem no processo de reinvenção do conhecimento e da universidade, possibilitando princípios para produção de um pensamento alternativo de educação, de ciência e de sociedade, bem como de justiça social, apesar da hegemonia do paradigma eurocêntrico. O objetivo geral foi analisar como a Educação Popular contribui para produção de novas práticas educativas, tendo como matriz de estudo as experiências da EQUIP e da UPMS na produção de um pensamento alternativo na reinvenção do conhecimento e de universidade comprometido com a construção de um projeto de sociedade de justiça social no Sul do Mundo. A abordagem qualitativa e a investigação-ação participante fundamentaram a concepção desta pesquisa. Para isso, foram mapeados estudos e pesquisas sobre o tema, realizado levantamento documental, bem como sistematização da experiência, entrevistas semiestruturadas, observação participante e devolução sistemática como técnicas da pesquisa. O método dialético, como parte do próprio processo de pesquisa e da realidade social, permitiu analisar tensões, contradições, transformações e relações sociais de totalidade. Os aportes teóricos foram: Borda (1981), Freire (1996), Gohn (2013), Lefebvre (1983), Santos (2013), Streck (2014), entre outros. Os resultados apontaram que a Educação Popular fundamenta a prática educativa da EQUIP e contribui para reinvenção do conhecimento. Essa Educação Popular se caracteriza por uma pedagogia-ação transformação, constituindo a matriz de uma sociologia prudente, enraizada no estudo da realidade social das classes populares e dos oprimidos no Sul do Mundo, na construção de uma epistemologia transgressora e de uma ciência descolonial como um projeto utópico de uma sociedade de justiça social.