Esta pesquisa trata da prática educativa na Escola de Aprendizes Marinheiros da Província do Piauí, sediada em Parnaíba, no período de 1874 a 1915. Por prática educativa é entendida toda a ação do corpo formador de marinheiro para a regulação do autocontrole dos menores pela modelação da cultura escolar institucional. Corpo formador é o conjunto dos funcionários responsáveis pela formação elementar e profissional dos aprendizes, a saber: o comandante, o professor, o capelão, o oficial, o mestre, o inferior, ou qualquer outra categoria responsável por essa formação. A pergunta condutora da pesquisa foi: como se constituiu a prática educativa na Escola de Aprendizes Marinheiros do Piauí no período de 1874 a 1915? O recorte inicial, 1874, se justifica pelo início do funcionamento da Escola e, o recorte final, 1915, pela a sua extinção definitiva no Estado. O estudo tem como objetivo geral compreender como se constituiu a prática educativa na Escola de Aprendizes Marinheiros do Piauí, no período de 1874 a 1915. E como objetivos específicos: analisar a estruturação do corpo formador dessa instituição ao longo do seu funcionamento; explicar a natureza da sua cultura escolar e analisar elementos que constituíram a sua cultura material escolar, procurando compreender o que eles revelam da prática educativa formadora do marinheiro. Trata-se de uma pesquisa de natureza histórica, situada na história cultural que adotou como procedimento metodológico a pesquisa documental e utilizou as seguintes fontes: legislação; relatórios ministeriais; relatórios dos comandantes e de inspeções da Escola do Piauí; correspondências dos juízes de órfãos, pais, tutores, do comando da Escola do Piauí, da Capitania do Porto de Parnaíba, da Presidência da Província do Piauí, do Ministério dos Negócios da Marinha; livro do aprendiz marinheiro; planta arquitetônica da Escola do Piauí e do Amazonas; fotografias da Escola de Aprendizes Marinheiros da Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro; tarefa da Companhia de Aprendizes Marinheiros do Espírito Santo. Essas fontes estão preservadas no Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha – DPHDM: Arquivo Histórico e Biblioteca da Marinha, Rio de Janeiro e no Arquivo Público do Estado do Piauí: Casa Anísio Brito. Para a análise teórica da pesquisa foram utilizados de Norbert Elias (1993; 2011) os conceitos de configuração e autocontrole. O estudo adota uma concepção de cultura escolar fundamentada em Dominique Juliá (2001), cultura material escolar em Castro; Castellanos (2013), Souza (2007), trabalhando ainda, com as concepções de Le Goff (1998), Catroga (2009), Faria Filho (2002), Barros (2004), Bastos (2005; 2006), Pesavento (2003), Cortez (2000), Valdemarin (1994; 1998), dentre outros. Defende-se a tese de que na formação dos aprendizes marinheiros, a pratica educativa da Escola de Aprendizes Marinheiros do Piauí evidenciou o autocontrole dos menores, ao tempo em que trabalhava o ensino elementar e o profissional. O estudo torna-se relevante por apresentar contribuições e preencher lacunas dentro da temática no campo da história da educação piauiense e brasileira.