No Brasil, de forma mais intensa na última década do século XX e início deste século, as escolas têm vivenciado grandes dificuldades relacionadas à inserção de alunos com deficiência no sistema regular de ensino. Enquanto determinação legal, a matrícula desses alunos tornou-se uma realidade e, em todos os níveis de ensino, é cobrada dos professores a responsabilidade de incluir a todos na escola, inclusive os alunos com deficiência. Essa responsabilidade imputada aos professores gerou uma nova demanda em sua formação: que o curso de Pedagogia seja capaz de formar professores aptos a realizar uma efetiva inclusão escolar. Em consequência, os professores do Curso de Pedagogia têm sido desafiados a adequarem suas práticas educativas em função dessa demanda. A reflexão sobre o tema inspirou o objetivo deste estudo: investigar como os professores do Curso de Pedagogia têm conduzido sua prática educativa, na perspectiva de formar professores capazes de realizarem a inclusão escolar de alunos com deficiência. As ideias de Nóvoa (1995), Imbernón (2010), Franco (2009), Carvalho (2011), Castanho e Freitas (2005), Glat e Pletsch (2004), Mantoan (2001, 2006), Mendes (2010) e Veiga (2014) serviram de arcabouço teórico para fundamentar a defesa da seguinte tese: a prática educativa dos professores de Pedagogia com vistas em formar professores aptos a viabilizar a inclusão escolar, está condicionada a uma formação continuada que atenda às necessidades formativas desses professores formadores, relativas aos princípios e fundamentos teórico-metodológicos da Educação Inclusiva. Como orientação metodológica, este estudo encontrou suporte no método autobiográfico, tendo como metodologia a pesquisa narrativa. Foram utilizadas como técnicas de produção de dados o Memorial de Formação e o Grupo de Discussão. Foram selecionados como interlocutores da pesquisa seis professores do Curso de Pedagogia da UFPI. A opção pela realização da pesquisa narrativa ofereceu aos sujeitos pesquisados a oportunidade de revisitarem o ato de ensinar, proporcionando maior aprofundamento sobre seus processos formativos no que se refere às práticas educativas na perspectiva da Educação Inclusiva. A relevância da pesquisa encontra-se na necessidade emergente de ouvir os professores formadores de professores sobre suas demandas formativas e sobre sua atualização profissional no que concerne à Educação Inclusiva, considerando que os mesmos estão em constante processo de formação e que devem acompanhar às inovações da docência superior no sentido de atender às inovações educacionais. Os dados produzidos foram tratados através da técnica de análise de conteúdo, com base na proposta de Poirier, Clapier-Valladon e Raybaut (1999). Os resultados da pesquisa revelaram que mesmo aqueles professores que ministram disciplinas relacionadas a temática e que realizam estudos e pesquisas na área, sentem-se inseguros em sua prática educativa no que se refere a como orientar seus alunos, futuros professores, a realizarem a inclusão escolar. No âmbito das disciplinas ministradas pelos interlocutores da pesquisa, são observadas apenas iniciativas isoladas de adequação do currículo à proposta inclusiva de educação. Entre outros indicativos, a constatação de que os professores de Pedagogia desconhecem ou conhecem superficialmente aspectos importantes inerentes aos processos de planejamento e avaliação no contexto inclusivo, como por exemplo, as adaptações curriculares, as flexibilizações didáticas, as tecnologias assistivas e os instrumentos diferenciados de avaliação, confirmam a tese levantada.