A dança, símbolo da resistência dos corpos no decorrer da história humana, quase sempre identificou culturas, seja reforçando, seja questionando comportamentos ligados a questões econômicas, sociais e/ou políticas. Esta pesquisa buscou compreender como a dança cênica pode ser um processo metodológico para a realização de pesquisas no campo da Educação e dos movimentos sociais relacionados ao ensino das diversidades. Este estudo foi realizado a partir do processo de montagem coreográfica do espetáculo Brasil Gueto Brasil, criado em 2017 pelo Núcleo de Dança UNIFSA em Teresina – PI, enquanto pesquisa metodológica sobre danças consideradas subalternizadas dialogando com categorias como raça, gênero e classe. O espetáculo foi construído a partir da criação coletiva do professor juntamente com seus alunos, em sua maioria não bailarinos que, trazem em seus corpos riscos de danças aprendidas no decorrer da vida, intencionando assim, afirmar positivamente lugares próprios cheios de latência, possibilidades e diversidades próprias e coletivas construídas num processo educativo não escolarizado. O lugar de fala deles mesmos foi importante neste processo de elaboração, pois o trabalho buscou respeitar opiniões e formas de dançar diferentes, tentando assim elaborar um espetáculo de dança “à brasileira”. Neste sentido, este estudo foi amparado em autores como Katz e Greiner (2012), Machado (2012) e Brasil (2016) para dialogar sobre dança e educação; Foucault (2000) e Lepecki (2009) sobre biopoder e biopolítica; Fanon (2006), Davis (2016) e Crenshaw (1989) sobre raça, gênero e classe, Gayatri e Spivak (2014) sobre subalternidades. O estudo tem revelado que a elaboração do espetáculo tem sido uma forma diferenciada para conversar/ensinar com/os acadêmicos sobre diversidades relacionadas à gênero, raça e classe, demonstrando assim, outras formas de ensinar e de promover práticas educativas de cidadania.