O corpo no decorrer da história da humanidade recebeu diversas classificações dentro de narrativas estruturadas em relações de poder. As categorias como raça, gênero e classe, foram fundamentais para a construção de estereótipos de subalternidade, onde a escola pode ser um meio tanto de estimular, como também de combater processos de exclusão e preconceitos. Nesse sentido, esta pesquisa buscou revelar como novas/velhas práticas preconceituosas estabelecem-se dentro e fora da sala de aula, e como a partir de narrativas próprias estas histórias podem ser recontadas e recriadas na tentativa de deslocar aquilo que hegemonicamente parece estar estabelecido. A pesquisa foi escrita a partir da análise de vivências próprias do pesquisador, experiências vividas que vão desde a infância (dentro e fora da sala de aula) até a práxis profissional, como professor. Foram elencadas 5 memórias/histórias, todas narradas de modo não linear, e têm como fio condutor a percepção própria de um corpo marcado por processos de exclusão e resistência. As histórias foram construídas em um constante movimento onde, ora está dentro da própria memória, ora tenta olhar de fora dela. A pesquisa revelou que narrativas próprias são importantes para a compreensão de narrativas maiores como as estruturas de poder, ficando evidenciado também que estas “pequenas” histórias são capazes de nos ensinar sobre como lidar com estas estruturas, deslocando-as e ressignificando-as mesmo que, em micro movimentos. A pesquisa buscou estabelecer diálogo com outras narrativas, recorrendo assim a Michael Foucault (2000); André Lepecki (2009); Frantz Fanon (1964, 2008); Ângela Davis (2016); Kimberlé Crenshaw (1989); Gayatri Spivak (2010); Jorges Didi-Huberman (2011, 2012, 2013); Walter Benjamin (1985, 1994, 2002); Walter Mignolo (2003, 2008) Aníbal Quijano (2000, 2005); Michel de Certeau (1994).