O objetivo geral desta tese é compreender como as mulheres capoeiristas produzem epistemologias do corpo nas práticas educativas enquanto táticas de guerrilha e modos de pensar uma Pedagogia Decolonial. Os objetivos específicos: produzir confetos (conceitos+afetos) de epistemologias do corpo com mulheres capoeiristas nas práticas educativas enquanto táticas de guerrilha e modos de pensar uma Pedagogia Decolonial; identificar os lugares e os problemas das epistemologias do corpo das mulheres capoeiristas que indiquem práticas educativas enquanto táticas de guerrilha de uma Pedagogia Decolonial e valorizar o que pensam as mulheres capoeiristas sobre as epistemologias do corpo nas práticas educativas enquanto táticas de guerrilha e modos de pensar uma Pedagogia Decolonial. O estudo utilizou a Sociopoética, enquanto prática social de construção de conhecimento coletivo Gauthier (1999, 2005, 2012), Adad (2004, 2011, 2014) e Petit (2014) dentre outros. Esta abordagem qualitativa em sua perspectiva multireferenciada de fontes e bases epistemológicas pauta-se em cinco princípios: pesquisar com pessoas de um grupo; pesquisar com as culturas de resistência; pesquisar com o corpo todo; pesquisar com a arte como técnica de pesquisa, um gatilho para a produção de dados; e pesquisar com responsabilidade ética, noética e espiritual. A metodologia construiu-se por meio de oficinas com experimentações sociopoéticas, com um grupo-pesquisador de cinco mulheres capoeiristas. Os dados produzidos em cada oficina foram registrados em suportes audiovisuais e diários de itinerância, a partir de duas técnicas artísticas: Máscaras gravadas das epistemologias do corpo das mulheres capoeiristas e seu desdobramento Máscara-memória das epistemologias do corpo das mulheres capoeiristas. Analisados os dados, emergiram linhas do pensamento do grupo-pesquisador: Epistemologia dos Afetos-Liberdade e Epistemologia dos Direitos do corpo das mulheres capoeiristas. Na Epistemologia dos Afetos-Liberdade estão presentes os seguintes confetos: Epistemologia-alegria, Epistemologia-liberdade, Epistemologia-flor-de-liz, e podem ser identificadas em diferentes lugares: Estrada-totalmente-de-barro, Campo-paraíso-liberdade, Jardim-caminhando, Lugar-campo-rosa-espinho. Emerge nessas epistemologias, o problema solidão: solidão povoada pela família porque mesmo com marido, filhos, mãe e irmã, a mulher se sente sozinha e solidão desejada pois, se trata dos desejos do corpo das mulheres capoeiristas de ser livre, de se tocar, de se conhecer e de se questionar sem ter alguém que as impeçam de fazê-lo, de estarem unidas para expressarem e construírem epistemologias como táticas no/do corpo para guerrilhar cotidianamente. O grupo-pesquisador revela que o enfrentamento a estes problemas é gerado no próprio corpo, dentro da roda e na sociedade em geral contra as relações de poder que as oprimem. A segunda linha, Epistemologia dos Direitos pontencializa o corpo das mulheres capoeiristas num jogo de práticas educativas do corpo desobediente que insistem em: entrar na roda, dançar, jogar, tocar berimbau, gingar, com determinação como princípio de poder para guerrear, lutar e conquistar seus direitos, negando inclusive as suas condições de serem vistas como símbolo sexual. Os confetos desta dimensão são: Epistemologia-liberdade-flor, Epistemologia-liberdade-cicatriz, Epistemologia-nós. Essas linhas do pensamento do grupo-pesquisador acenam para táticas (CERTEAU, 1994) epistemológicas desobedientes (MIGNOLO, 2008), entendidas enquanto práticas educativas produzidas pelo/no corpo das mulheres capoeiristas, como modos de pensar uma Pedagogia Decolonial (WALSH, 2005; 2018) para enfrentarem os desafios nas vivências dos seus cotidianos e de suas/seus artes/modos de poder-saber-ser, que desenvolve uma Pedagogia da autovalorização. Destarte, os relatos produzidos pelo grupo-pesquisador apresentaram uma multiplicidade de confetos de epistemologias do corpo e seus lugares, os quais assinalam para a tese: mulheres produzem epistemologias do corpo com conceitos próprios permeados de afetos, mostrando que o corpo todo pensa em meio aos problemas, delineando uma Pedagogia Decolonial que valoriza cosmosensações femininas nas práticas educativas desobedientes na roda de capoeira e na vida, como táticas de guerrilha na Educação.