AS EDUCAÇÕES ESCOLAR E SOCIAL NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE RACIAL DE JOVENS NOS QUILOMBOS DE SÃO JOÃO DO PIAUÍ.
Educações. Afrodescendência. Quilombo. Identidade racial. Jovens.
O pensamento ocidental colonialista desenvolveu a tendência do olhar unilateral sobre o mundo diverso, gerando a concepção das generalizações, da negação diversidade. Do ponto de vista epistemológico, impôs um paradigma, que, assentado na classificação dos povos em superiores e inferiores, criou uma hierarquia entre os saberes, considerando os mais relevantes, ou os válidos, os construídos segundo o referido paradigma, e menos relevantes, ou não-válidos, os outros saberes. Tal visão continua a referenciar a nossa forma de ver e interpretar o mundo, de forma que a educação escolar ainda existente nos quilombos estudados apresenta ainda dificuldade de dialogar com as realidades cotidianas vivenciadas pelos jovens e silencia-se sobre os processos históricos geradores da sua condição de quilombolas, dificultando a formação da sua identidade racial. Através deste estudo a pesquisadora investigou como se dão essas educações e suas inter-relações, tencionando saber se e como as educações escolar e social, com seus conteúdos e práticas, influenciam na formação da identidade racial dos jovens. Objetivou compreender as contribuições dos conteúdos da educação escolar e dos saberes locais na construção da identidade racial dos jovens. Adotou a abordagem qualitativa, utilizando a observação participante e a entrevista narrativa. Como campo de pesquisa, escolheu os quilombos Riacho dos Negros e Saco/Curtume, tomando como referência principal a comunidade Junco. Para a compreensão da questão, dialogou-se com os seguintes autores: Boakari (1994; 2000); Boakari e Gomes (2005); Gomes (2005); Brandão (2003; 1993; 2007); Castro e Abramovay (2006); Cavaleiro (2005; 2006; 2010), Cunha Jr. (1995; 2005); Falci (1995;2001); Fiabani (2012); Freire (1983; 1987; 1991;1996); Fanon (2008); Leite (2000), Lima (2005); Munanga (2003; 2005); Moura (1988); Santos (1997; 2004; 2010); entre outros. Os resultados apontam que há uma dissociação entre educação escolar e o cotidiano dos jovens quilombolas. As questões raciais vivenciadas por eles são negligenciadas na escola, o que lhes dificulta a formação da identidade racial. Por sua vez, a educação social, com todos os desafios políticos, sociais e culturais que apresenta, parece contribuir de modo marcante na construção das identidades e conquista da cidadania de jovens quilombolas de São João do Piauí.
Palavras-chave: Educações. Afrodescendência. Quilombo. Identidade racial. Jovens.