Esta pesquisa nasce de implicações pessoais e acadêmicas, tendo como base os trajetos e as performatividades de jovens gays nos contextos escolares. O estudo está inserido no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Piauí – UFPI, na linha de educação diversidades/diferença e inclusão, no Núcleo de Estudos e Pesquisas “Educação, Gênero e Cidadania” - NEPEGECI e o Observatório das Juventudes e Violências na Escola – OBJUVE. O problema da pesquisa é: O que os jovens gays pensam sobre si e quais são as performatividades presentes nos trajetos de resistências que problematizam os valores pré-estabelecidos e rompem com a invisibilidade nos contextos escolares? Desta forma, a pesquisa tem como objetivo geral analisar a percepção de si de jovens gays nas performatividades presentes nos trajetos escolares de resistências que problematizam os valores pré-estabelecidos e rompem com a invisibilidade na escola. Os objetivos específicos: Identificar a percepção de si de jovens gays nas performatividades presentes nos trajetos que produzem resistências aos valores pré-estabelecidos nos contextos escolares e conhecer a percepção de si de jovens gays nas performatividades presentes nos trajetos que problematizam a invisibilidade nos contextos escolares. O referencial teórico é fundamentado nas discussões de relações de poder, necropolíticas, performatividades, educação, juventudes e diversidades/diferença com Foucault (2013; 1993; 1988), Butler (2003; 2015), Misckolci (2012), Deleuze e Guattari (1997) dentre outras. O método utilizado foi a sociopoética (GAUTHIER, 2012; 2003), (ADAD, 2014) – uma teoria e prática filosófica que nos possibilita o pesquisar coletivo, com o corpo inteiro, utilizando técnicas artísticas de produção de dados em oficinas com grupos minoritários, excluídos social, cultural, histórica e economicamente. O grupo-pesquisador é instituído pelo facilitador e quatro (04) copesquisadores jovens gays com idade de 18 anos, estudantes do 2º ano do Ensino Médio, da Unidade Escolar Cassiana Rocha, escola pública de Piripiri-PI/Brasil. A técnica corpo giz foi utilizada para a produção de dados plásticos e relatos orais sobre o tema-gerador jovem gay que foram posteriormente analisados. O diário de itinerância foi utilizado no registro dos encontros e desencontros do caminhar, e também para a autoanálise e análise das implicações do pesquisador. Como resultados, a pesquisa gerou os seguintes confetos e problemáticas: O Corpo-Giz-Sem-Nome é o jovem gay que resiste calado ao Problema-Medo-do-recomeço, pois o medo trava o seu corpo e o deixa impossibilitado de reagir. Alguns destes problemas não saem do Corpo-Giz-Desabafo do jovem gay, fica uma marca. Corpo-Giz-Mundo é o jovem gay que resiste ao problema do medo, buscando fazer bicos para ter um trocado. A trajetória do Corpo-Giz-Fuga é insegura, o jovem gay tem muitas dúvidas. Diante de tantas violências, as performatividades dos jovens apresentam mecanismos potentes – na escola passa batom, pinta a unha, cria asas no chão da escola com as aprendizagens. Corpo-Giz-Desabafo resiste como uma semente resistente às intempéries da vida e consegue gerar uma árvore. Por fim, o estudo apontou o incômodo ainda causado pelos jovens gays ocupantes do chão da escola, como os corpos são vistos sob olhares de julgamentos e preconceitos com base nos padrões pré-estabelecidos. Muitas vezes os corpos-gizes, por serem gays, são calados pelo professor, pelo diretor e pelos colegas. Por sua vez, a escola, por mais que seja um espaço hostil onde sofrem violências, ainda é mais seguro do que a rua e, principalmente, no meio familiar.
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