O presente trabalho teve como objeto a cultura escolar do Colégio Comercial de Picos (CCP) entre 1957 e 1980. O recorte temporal considerou como marco inicial o ano em que a instituição começou a funcionar, 1957, e final, o último ano de funcionamento, 1980. No trabalho de construção da pesquisa, utilizaram-se como fontes: documentos oficiais; legislação; escriturário escolar; fontes hemerográficas; fontes imagéticas; objetos da escola; dados estatísticos; livros de história das cidades; e entrevistas. Estabeleceu-se como objetivo geral analisar a cultura escolar do CCP entre 1957 e 1980. A realização da pesquisa deu-se no campo da História da Educação, privilegiando estudos atinentes à história das instituições escolares, cuja fundamentação teórico-metodológica vinculou-se à Nova História Cultural. Trata-se de pesquisa de natureza qualitativa, do tipo histórica, com elementos subjetivos contribuindo para o seu desenvolvimento. Como aporte teórico, lançou-se mão dos pressupostos de autores como Escolano Benito (2017); Burke (1992); Julia (2001); Magalhães (2004); Sousa (2005); Sousa (2019); Vinão Frago (1996, 2007), entre outros. Para a efetivação desta investigação, fez-se necessária a realização de visitas constantes ao Museu Ozildo Albano, guardião de grande parte das fontes documentais utilizadas. Ademais, empregaram-se documentos do arquivo do CETI Marcos Parente, instituição herdeira do escriturário do CCP em face do encerramento das atividades da instituição. Adicionalmente, documentos encontrados em arquivos pessoais dos entrevistados contribuíram para a pesquisa. A partir dos estudos realizados, foi possível ter uma compreensão mais acurada da situação do ensino comercial no Brasil no recorte avaliado, e observar o processo de implantação do CCP. Nessa perspectiva, analisaram-se vestígios materiais produzidos pela cultura escolar do CCP, verificando como esses objetos eram apropriados no cotidiano dessa instituição escolar. Este trabalho tratou, ainda, da organização e do funcionamento do CCP, buscando entender como se deram esses processos. Como resultados da pesquisa, percebeu-se que a escola formou um grande contingente de comerciários e contabilistas que contribuíram para a modernização do comércio e do setor público no município em apreço. Além disso, a cultura escolar fazia-se presente na cidade por meio, principalmente, dos desfiles cívicos e das colações de grau, facultando a representação de cursar um ensino superior no imaginário da população picoense. Tendo como base os ensinamentos de Escolano Benito (2010), a existência de muitos objetos de memória, como quadros de formatura, convites e fotografias, ajudaram a vislumbrar o quanto essa instituição foi importante para a cidade de Picos no período em que esteve em funcionamento.