RESUMO
Essa pesquisa integra as investigações do Observatório das Juventudes e Violências na Escola – OBJUVE que se insere no Núcleo de Estudos e Pesquisas “Educação, Gênero e Cidadania” – NEPEGECI e se propõe a dar visibilidade para as práticas educativas instituintes de jovens da cultura Hip Hop de Parnaíba/PI em meio a pandemia da Covid-19, que teve início em 2020 a partir da disseminação rápida e letal do vírus Sars-cov-2 por todos os continentes do planeta. Para o seu desenvolvimento, apresenta a seguinte questão: Como a partir do mundo virtual, os/as jovens da cultura Hip Hop de Parnaíba/PI criaram práticas educativas instituintes para a reinvenção de si mesmos/as e de suas sociabilidades em meio a pandemia da Covid-19? O pressuposto da tese é que esses/as jovens após o decreto de isolamento social dado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), passaram a utilizar o mundo virtual para produzir práticas educativas próprias, se (re)inventando e encontrando alternativas para criação de outros espaços de sociabilidade em meio a pandemia da Covid-19. Tem-se como objetivo geral compreender como os/as jovens da cultura Hip Hop de Parnaíba/PI, utilizaram o mundo virtual para produzir práticas educativas próprias, se (re)inventando e encontrando alternativas para criação de outros espaços de sociabilidade em meio a pandemia da Covid-19. Especificadamente, buscando a)Mapear os/as jovens da cultura Hip Hop de Parnaíba/PI a partir do mundo virtual, b) Captar como os/as jovens da cultura Hip Hop de Parnaíba criaram práticas educativas próprias no mundo virtual, em meio a pandemia da Covid-19; c) Descrever o modo como as práticas educativas virtuais dos/as jovens da cultura Hip Hop de Parnaíba permitiu a estes/as jovens se reinventarem e encontrarem alternativas para criação de novos espaços de sociabilidade em meio a pandemia da Covid-19; e d) Analisar o modo como a pandemia da Covid-19 afetou a vida, as emoções, os encontros, treinos e eventos dos/as jovens da cultura Hip Hop de Parnaíba e foi exposto pelo grupo de forma online. O referencial teórico da pesquisa fundamenta-se em em Adad, Lima e Brito (2021), Adad (2011), Boakari e Silva (2021), Pereira (2000), Larossa (2017), Ribeiro (2017), Brandão (2007), Silva (2018) e Freire (2017) para discutir o conceito de prática educativa e a concepção de educação popular em movimento, considerando a rua e as cidades como arenas culturais, territórios educativos, lugares e caminhos potentes para a aprendizagem, como prática de resistência. Sobre a cultura Hip Hop, sua origem e múltiplas linguagens artísticas autores como Giongo (2020), Freitas (2018), Gomes (2019), Miranda (2017), Farias (2021), Dornelas (2021), entre outros/as fundamentam a discussão. A metodologia a ser utilizada é de base qualitativa, pautando-se na Netnografia documental, diários cartográficos, análise das implicações, e os princípios da sociopoética que serviram como ethos da pesquisa. As considerações metodológicas desenvolvidas à luz da teoria de Deleuze (1982), Kastrup e Barros (2010), Kosinets (2014), Miskolci (2016), Nascimento e Tedesco (2013), Adad, Santos e Silva (2021), Adad e Silva (2018), Gauthier (2015) dentre outros/as. Os resultados permitiram a tese em duas dimensões das práticas educativas: 1. reinvenções das práticas educativas, dos treinos, encontros e eventos e 2. Sabores, emoções e gambiarras das/nas práticas educativas. Na primeira dimensão, trata-se do modo como os/as jovens foram instituindo práticas educativas em meio aos treinos em menor número de integrantes da cultura Hip Hop, substituindo os lugares citadinos de encontro, pelo espaço na casa de um/a ou outro/a jovem. Bem como, elaboraram eventos como a 6ª edição do Junta Festival Internacional de dança e o projeto Delta Arte, que possibilitaram dar continuidade as suas sociabilidades e os projetos do grupo de modo informal e/ou intuitivo, transmitindo suas atividades para pessoas diversas, inscritas ou não nos eventos, diluindo as configurações fechadas de se construir esses tipos de ações na pandemia. Na segunda dimensão, são abordadas práticas educativas instituintes, a partir do espetáculo “Enquadro”, das oficinas: “O corpo fala” e “oficina de grafite do projeto Delta Arte”, que mostram como os/as jovens ampliam seus saberes e/ou sabores sobre arte, cultura urbana e popular e suas influencias, os processos de segregação e genocídio ao longo da história da humanidade e a construção de um pensamento crítico e problematizador do contexto político vivenciado durante a pandemia no Brasil. Nesse contexto ainda são destacadas as emoções que permearam essas trajetórias juvenis, em meio as práticas educativas instituintes que desenvolveram, permitindo o exame sobre as regras sociais, culturais e históricas da vivência dos/as sujeitos/as desse grupo, em momento excepcional da história do mundo. Estas dimensões co-existem e realçam práticas educativas hetereogêneas, que afirmam que, em meio contexto de crise, estes/as artistas passaram a agir de forma mais colaborativa, fortalecendo subjetividades solidárias entre eles e elas, e deixando em evidencia o formato organizacional potente e inventivo que desenvolvem entre si mesmos/as e seus pares.