Pedagogia do conflito, parceria dissidente e educação de paz: sentidos educativos das políticas públicas no Movimento Pela Paz na Periferia em Teresina (2000-2012)
Movimentos Juvenis. Pedagogia do Conflito. Parceria Dissidente. Educação de Paz. Políticas Públicas
A relação de parceria entre os Movimentos Juvenis e o Estado é o campo central deste estudo. Situada sobre o processo histórico de participação protagonizada pelas juventudes das classes populares nas lutas por políticas públicas e por direitos sociais. Tendo como campo privilegiado a educação de paz da periferia realizada no âmbito do Movimento Pela Paz na Periferia em parceria com o Estado. Compreendemos que as lutas das juventudes da periferia engendram práticas educativas que se situam pelas marcas da pedagogia do conflito e como campo que favorece a parceria dissidente com o Estado. Destacamos que as lutas de resistência dos/as jovens da periferia estão inseridas em um contexto mais amplo das lutas anticapitalistas dos setores populares no enfrentamento as situações de exclusão social. O objetivo geral analisa se as práticas educativas desenvolvidas pelo Movimento pela Paz na Periferia (MP3) na formulação de políticas públicas para/de juventudes contribui para efetivação dos direitos das juventudes e para democratização do Estado no período de 2000-2012, em Teresina. Assim procuramos: a) descrever a trajetória histórica, educativa, social, política e cultural do MP3, b) situar as práticas educativas que o MP3 contribui para a implantação de políticas públicas de juventudes, c) evidenciar as contradições e conflitos na interface desse movimento na relação de parceria com Estado e d) perceber os seus impactos na democratização do Estado na efetivação dos direitos das juventudes. Sobre a metodologia optamos pela pesquisa qualitativa na concepção de Melucci, Minayo, em que estes consideram sujeitos e atores sociais em processo de conhecimento de determinado objeto e contexto, como pesquisadores. Em relação à finalidade situamos como exploratória e explicativa na proposta de Gil, Martins. Quanto às técnicas de coleta de dados realizamos consulta bibliográfico, análise documental, entrevista focalizada e observação participante, tendo como sujeitos 25(vinte e cinco) jovens, sendo 15(quinze) jovens e6(seis) educadores ligados ao MP3 e ao Conselho Estadual de Juventudes. Para análise dos dados adotamos o método dialético como campo epistemológico, analisando algumas categorias, cuja dinâmica implica na articulação entre processo histórico, realidade atual e experiência sistematizada, articulando o recurso do grupo focal para aprofundamentos necessários. Sobre a concepção de Estado ampliado em Gramsci, Lanni, Medeiros, Rancière. Sobre participação nos movimentos sociais juvenis e políticas públicas no referenciamos em Sposito, Abramo, Melucci, Novaes, Gohn, Silva. Em relação às práticas educativas nos aportamos na concepção da educação popular nas perspectivas de cultura de paz em Guimarães, Bomfim, Freire, Paludo, Streck, Paiva, Arroyo, Santos entre outros. Para aprofundamento analisamos o papel das Rodas da CulturaHip Hopno processo organizativo do MP3 e como articulador principal da formação para profissionalização nas ações atuais do movimento. Registramos que a participação desse movimento juvenil tem afirmado o potencial das juventudes da periferia na construção de uma sociedade de justiça social. Podemos concluir parcialmente que a relação de parceria entre Movimentos Juvenis e Estado é fundamental para viabilizar a educação de paz na periferia a partir da implantação de políticas públicas de juventudes. A pedagogia do conflito imprime as marcas do caminhar utópico dos/as jovens da periferia.