Formação Continuada de Educadores/as: as possibilidades de reorientação do currículo no semiárido
Formação Continuada. Reorientação Curricular. Contextualização. Semiárido.
Os estudos críticos da educação trouxeram inúmeras contribuições com relação à construção de propostas educativas e curriculares voltadas ao reconhecimento e a valorização dos saberes e práticas culturais dos diferentes grupos sociais e à produção de conhecimentos que possibilitem a transformação social. No semiárido brasileiro, os movimentos e organizações sociais apoiaram-se nestes pressupostos teóricos e metodológicos críticos para sugerir a reorientação dos projetos educativos instituídos na região centrados na reprodução de saberes e valores que, por um lado, nega as experiências dos sertanejos e, por outro, não favorece a emancipação dos diferentes grupos sociais historicamente marginalizados. Diante desse contexto, a Rede de Educação no Semiárido (RESAB) vem desenvolvendo, nos últimos dez anos, um movimento em defesa da construção de projetos educativos contextualizados que valorizem os saberes e as práticas culturais dos grupos sociais e possibilitem a produção de conhecimentos voltados à emancipação. No entanto, o desenvolvimento de projetos educativos críticos e contextualizados está associado à implementação de políticas de formação de educadores que favoreçam a compreensão crítica do contexto sociohistórico e cultural e o desenvolvimento de práticas educativas fundadas nos princípios políticos e epistemológicos crítico-emancipatórios. A partir dessa preocupação, nossa pesquisa teve como objetivo “investigar como as reflexões críticas desenvolvidas a partir da formação-investigação possibilitam a reorientação do currículo na perspectiva da contextualização no Semiárido”. Nas reflexões sobre a formação continuada dialogamos com os estudos de Freire (1992, 2005, 2009), Candau (1996), Giroux (1986, 1997), dentre outros. Na discussão sobre as teorias do currículo e as epistemologias que norteiam a reorientação curricular crítica, nos fundamentamos nos trabalhos de Apple (1982), Boaventura Santos (1989), Moreira (2000, 1990), Pacheco (2006), Saul e Silva (2011), Silva (1999, 2001), McLaren (2000), dentre outros. A pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal Liberto Vieira, da zona rural do município de Ipiranga, a partir das contribuições teórico-metodológicas da pesquisa-ação crítica, com a realização de Rodas de Diálogo voltadas à investigação crítica das práticas educativas e do contexto sociocultural no qual a escola está situada. A partir da pesquisa-ação crítica foi possível problematizar o olhar crítico das educadoras sobre o contexto sociohistórico e cultural da comunidade, bem como, do projeto educativo da escola, favorecendo a identificação dos desafios e possibilidades quanto à reorientação da proposta pedagógica e curricular na perspectiva da contextualização e da interdisciplinaridade, comprometida com a formação crítica dos educandos.