Assim caminha a educação inclusiva: as concepçóes de adolescentes em cumprimento de medida de semiliberdade acerca da inclusão
Inclusão. Escola. Adolescente em cumprimento de medida de Semiliberdade.
Mesmo após a implementação de legislação que defende a universalização e melhoria na qualidade do ensino na perspectiva de uma escola verdadeiramente inclusiva, a democratização, acesso e permanência sem discriminação na escola ainda constitui um dos maiores desafios da educação brasileira, em particular no que se refere às minorias. Neste sentido, este estudo investigou como está ocorrendo a inclusão do adolescente em cumprimento de medida de semiliberdade na rede regular de ensino de Teresina-PI. A pesquisa adotou como referencial teórico autores como Bueno (2001, 2004); Mantoan (2003; 2004; 2006); Rodrigues (2000; 2001); Fortes-Lustosa (2011); Aguiar, Bock e Ozella (2001), Rizzini (1995; 1997); Sposato (2001); Volpi (1997, 2001); Gallo e Willams (2008), entre outros. O estudo foi desenvolvido entre os meses de outubro de 2013 a março de 2014 e teve como objetivo geral investigar as concepções do adolescente em cumprimento de medida socioeducativa de semiliberdade acerca de sua inclusão na escola regular de Teresina-PI. A metodologia baseia-se na abordagem de natureza qualitativa do tipo explicativa. Participaram deste estudo quatro jovens do sexo masculino com idades entre 16 e 17 anos. As informações foram coletadas por meio de análise documental e entrevistas semiestruturadas. A apreciação das informações foi feita a partir da análise de conteúdo de Bardin (2004). Os resultados apontam que as trajetórias escolares dos adolescentes participantes são marcadas por constantes repetências e evasões; sendo que para eles a escola se apresenta como lócus de acesso à cidadania, mas que não cumpre sua função de educar, além de ser marcada pela violência, preconceito e rotulação. Cognitivamente nenhum dos sujeitos compreende o que é educação inclusiva, ainda assim suas falas revelam que eles não se sentem incluídos em suas escolas. Os adolescentes apontam como pontos dificultadores da inclusão escolar o sentimento de vergonha por estar em cumprimento de medida socioeducativa, a presença de violência, drogas e preconceito na escola e, como fatores facilitadores, a importância do cuidado do outro e, notoriamente, as transformações no ensino, no currículo e nas formas de interação no espaço escolar.