Desbravando inteligências para o desenvolvimento: o Projeto Bandeirante e a expansão do secundário maranhense na gestão Sarney (1966 – 1971).
História. Memória. Ensino Secundário. Cultura Escolar.
Este trabalho é um estudo a respeito da expansão do Ensino Secundário do Maranhão, através do Projeto Bandeirante, na gestão do governador José Sarney (1966 – 1971). O objetivo geral consiste na construção da história e da memória dos Ginásios Bandeirantes. Analisa essa política de expansão à luz do contexto educacional e político da época, em nível estadual e nacional, privilegiando, desse modo, as bases históricas sobre as quais ocorreu seu surgimento. Estuda as bases ideológicas do Projeto Bandeirante, a interface entre a expansão desses ginásios e a rede privada do secundário maranhense, à época. Problematiza a qualidade dessa expansão a partir da pesquisa documental e dos testemunhos orais. A ampliação do conceito de documento realizada pelos Annales possibilitou olhar arguto e abrangente sobre os vestígios desses ginásios ao longo da pesquisa, englobando nesta diferentes materiais e fontes. O trabalho com a história oral foi importante para a construção de vestígios do cotidiano desses ginásios, através dos depoimentos de ex-alunos, de ex-professores e de ex-diretores. Este trabalho apoia-se nas seguintes categorias e seus referidos autores: História – Burke (2000), Jekins (2007); Memória – Le Goff (2003), Halbwachs (1990), Portelli (2010) e Bosi (1994, 2003); Cultura Escolar – Souza (2008, 2010). O estudo evidenciou o surgimento do discurso desenvolvimentista atrelado à Educação no governo de Newton Bello (1961-1966) e o aprofundamento desse na gestão Sarney. O projeto de expansão do ensino secundário por meio dos ginásios Bandeirantes encontrava-se no bojo da construção ideológica de “um novo homem para um novo Maranhão”, na proposta do chamado Maranhão Novo. A pesquisa constata que a ideia de modernidade forjada para esses ginásios foi negada na prática devido à expansão, que tinha como marcas principais a racionalização e a economia de recursos e, principalmente, a falta de um quadro docente preparado para a efetividade de tal proposta. Na memória das testemunhas, os Ginásios Bandeirantes foram ressaltados como “a luz que dissipou as trevas do atraso e da ignorância no interior do Maranhão”. São essas mesmas falas que permitiram, ao lado da pesquisa documental, constatar as incongruências entre a ideia original do Projeto Bandeirante e a prática desses ginásios. A conclusão evidencia que a expansão dos ginásios Bandeirantes se deu em contexto forjado, repleto de contradições e que, apesar das dissonâncias entre proposta e efetivação, o mesmo se constitui importante passo na democratização do ensino secundário maranhense.