Este estudo objetiva refletir sobre a criação e consolidação do Coral dos Vaqueiros de União como um patrimônio educativo no cenário cultural piauiense. Sob a perspectiva da História da Educação, a pesquisa busca responder à seguinte questão: como se desenvolveu a trajetória do Coral dos Vaqueiros de União até seu reconhecimento como Patrimônio Vivo no Piauí? Para tanto, os objetivos específicos englobam compreender a relação dos vaqueiros com a cidade de União e a cultura nordestina; explorar a trajetória dos sujeitos envolvidos (cantores e mediadores culturais) e os desafios enfrentados pelo grupo até seu reconhecimento como Patrimônio Vivo do Piauí; e analisar o repertório executado pelo Coral dos Vaqueiros de União. A delimitação temporal da pesquisa abrange o período entre 1987, ano de fundação do coral, e 2022, quando recebeu o título de Patrimônio Vivo. A análise fundamenta-se na História Cultural, com referência a Chartier (1990), Burke (1992, 2008) e Le Goff (2003). No que tange aos lugares de memória, recorreu-se a Nora (1993), e o conceito de memória coletiva foi embasado em Halbwachs (1990). Ana Lúcia Amaral (2006) contribuiu com reflexões sobre pertencimento, e, no campo da mediação cultural, adotaram-se os conceitos de Gomes e Hansen (2016) e Mignot (2017), em especial sobre viagens. Para atingir os objetivos, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com três vaqueiros participantes do coral, cujas informações foram analisadas em conjunto com outros documentos, como recortes de jornais, fotografias, atas de reuniões, programas de apresentações e um DVD do Coral dos Vaqueiros. Analisaram-se também o repertório do grupo e as redes de sociabilidade dos coristas. A análise histórica revela que, desde sua fundação, o coral busca valorizar a identidade cultural do vaqueiro, preservando memórias e tradições para manter vivo esse legado. Ainda que sem formalizar o conceito, os sertanejos, ao transmitir seus costumes, tradições e histórias, delineavam o que hoje se denomina educação patrimonial. Assim, cada integrante, ao seu tempo, apropriou-se de seu papel na história cultural da cidade, tecendo, com suas referências, a trajetória dos vaqueiros e a própria história de União-PI.