Esta pesquisa, vinculada à linha de Formação Humana e Processos Educativos do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Piauí (PPGED/UFPI), investiga o fenômeno Negacionismo e Ensino de Geografia: significações de estudantes do ensino médio. Parte da seguinte problemática: o que as significações de estudantes do ensino médio revelam sobre o negacionismo e suas reverberações no processo de formação humana no ensino de Geografia, no contexto do bolsonarismo? O objetivo geral é compreender as reverberações do negacionismo na formação humana de estudantes do ensino médio, a partir de suas significações sobre o ensino de Geografia. Os objetivos específicos consistem em: analisar as significações produzidas acerca do negacionismo científico; examinar a percepção dos estudantes sobre o papel da educação e do ensino de Geografia no enfrentamento do negacionismo; e identificar os limites e possibilidades do processo de formação humana a partir da escola. O estudo fundamenta-se no materialismo histórico-dialético, na psicologia histórico-cultural e na pedagogia histórico-crítica, que compreendem a formação humana como processo histórico e a educação como atividade social que medeia a apropriação da humanidade nos seres humanos. A pesquisa de natureza crítica teve como campo empírico uma escola pública estadual de Picos-PI, com participação de 12 estudantes de ensino médio: todos responderam a um questionário inicial e, destes, 10 integraram os grupos focais. Para a organização e análise dos dados, utilizou-se a técnica dos núcleos de significação. Os resultados apontam que as significações estudantis articulam condições objetivas (histórico-sociais) e condições subjetivas (vivências), revelando que a consciência sobre o negacionismo é atravessada por determinações sociais, ideológicas, políticas e afetivas. Os jovens reconhecem a educação e o ensino de Geografia como fundamentais para enfrentar o negacionismo e, mesmo diante de obstáculos concretos, emergem brechas formativas para o desenvolvimento da consciência crítica. O processo de formação humana escolar, assim, apresenta limites como condições materiais precárias e ideologias dominantes, mas também possibilidades de resistência. Conclui-se que, quando orientadas por referencias emancipatórios, as práticas pedagógicas desenvolvidas na escola, mostram-se eficazes em socializar o saber científico, promover a formação humana e reafirmar seu potencial transformador da consciência humana.