Produtos naturais derivados de plantas medicinais configuram fontes estratégicas e relevantes para a prospecção e desenvolvimento de novos agentes farmacológicos. Terminalia fagifolia Mart., espécie pertencente à família Combretaceae, apresenta elevada concentração de metabólitos secundários, destacando-se triterpenos pentacíclicos, flavonoides glicosilados, taninos e outros compostos aromáticos. O presente estudo teve como objetivo avaliar o potencial biotecnológico de extratos etanólicos das cascas do caule de T. fagifolia Mart, com ênfase na influência da sazonalidade sobre a produção de metabólitos bioativos e suas atividades antioxidante e antimicrobiana. Dois extratos foram obtidos em períodos distintos (março- EETf-C1; novembro-EETf-C2), apresentando diferentes rendimentos, de 12% e 25%, respectivamente, evidenciando maior acúmulo de metabólitos no período seco. A caracterização espectroscópica por FTIR sugeriu a presença de grupos funcionais característicos de compostos fenólicos e flavonoides. A avaliação microbiológica indicou potencial antimicrobiano contra cepas de Staphylococcus aureus e S. epidermidis, incluindo isolados resistentes a meticilina (MRSA e MRSE), com destaque para o extrato EETf-C2, que exibiu menores concentrações inibitórias mínimas (CIMs), variando de 25 a 400 µg/mL. O resultado do ensaio de concentração bactericida mínima (CBM) indica um efeito predominantemente bacteriostático contra a maioria dos micro-organismos. Os extratos apresentaram potencial antioxidante no ensaio de ABTS, com EETf-C2 apresentando menor CI50, igual a 0,12 µg/mL. Após o ensaio de hemólise, os extratos apresentaram boa compatibilidade em eritrócitos humanos, com percentual de hemólise abaixo de 10% em concentrações ≤ 1 mg/mL. Os dados corroboram a influência sazonal tanto no rendimento quanto na bioatividade dos extratos, ressaltando a importância da padronização da época de coleta para otimização do uso biotecnológico da espécie. Este estudo contribui para a valorização da biodiversidade regional e fundamenta o desenvolvimento de fitoterápicos com respaldo científico, podendo subsidiar a estruturação da cadeia produtiva da espécie e o aprimoramento de estratégias terapêuticas para combate a infecções, visando à formulação de fármacos naturais.