Recentemente, uma doença chamada de COVID-19 causada pelo SARS-CoV 2 foi categorizada como pandemia e rapidamente chamou atenção da comunidade científica internacional, principalmente pela variedade de sintomas causados pela doença além das condições respiratórias já documentadas. Adversidades no trato gastrointestinais como diarreia levaram inclusive a associações destes sintomas com a gravidade e possibilidade de evolução pra o óbito. Uma das principais ferramentas virais responsável pelos eventos causados, foi a proteína spike, inclusive responsável entrada do vírus na célula do hospedeiro e que rapidamente chamou a atenção de muitos estudos que verificassem demais características dessa proteína. Apesar dos grandes avanços das pesquisas e a existência de vacina contra o vírus, uma gama de novas variáveis surge constantemente, o que torna de grande importância o conhecimento de novas alternativas para amenizar demais sintomas. O receptor farnesoide X (RFX), um receptor nuclear altamente expresso no intestino, tem recebido destaque em vários estudos que buscam avaliar seu envolvimento com desordens intestinais. Por isso o objetivo desse trabalho é avaliar se o uso de um antagonista do RFX melhora as condições de dano e secreção intestinal induzidas pela proteína spike em uma modelo de alça intestinal isolada em camundongos. Foram usados camundongos de ambos os sexos, pensando entre 25-30 gramas. Eles foram divididos em três grupos, anestesiados com isoflurano através de um sistema inalatório e após isso, uma incisão abdominal foi realizada para a exposição de um segmento jejunal seguido da confecção de uma alça de aproximadamente 2 cm. A partir disso foi introduzido 200 μL de PBS (para o grupo controle negativo); 200 μL de uma suspensão contendo proteína spike na concentração de 10 μg/alça (para o grupo controle positivo) e 100 μL de uma suspensão contendo o antagonista DY268 (10 μMol/alça) e após 5 minutos 100 μL da proteína spike. Após 4 horas os animais foram eutanasiados com uma sobredose de ketamina e xilazina, as alças intestinais foram removidas para a avaliar o tamanho e peso, conteúdo intestinal para dosagem de cloretos (Cl-) e amostra tecidual para analise histomorfométrica, de mucinas e células de Paneth. Os resultados demonstraram um aumento significativo na relação peso/comprimento da alça, bem como no índice de Cl-, achado esse que foi revertido no grupo com bloqueio do RFX. A altura e largura dos vilos intestinais também foram reduzidas, assim como a expressão de mucinas ácidas avaliadas pela técnica de Alcian Blue. As células de Paneth apresentaram redução na sua área na cripta intestinal e no seu conteúdo de grânulos citoplasmáticos provavelmente devido a degranulação. Todos esses parâmetros foram atenuados após o uso do DY268. Apesar destes resultados, ainda é importante a realização de outros protocolos que visem entender como o bloqueio do FRX age na dinâmica inflamatória causada pela spike no intestino, uma vez que esse estudo pode dar luz a novas e direcionadas formas de atuar no manejo de problemas intestinais dessa natureza.