Este trabalho tem como objetivo principal identificar elementos de relação entre o passado escravagista brasileiro e a recorrência de casos de racismo no Brasil. Notadamente, nos debruçamos aqui no caso do racismo sofrido por uma dentista negra em Teresina-PI. Para tanto, partimos da hipótese de que as formas de discriminação enfrentadas cotidianamente por indivíduos afro-brasileiros, manifestadas de formas veladas e explícitas, aparentam estar relacionadas com os efeitos da naturalização da subalternidade e do racismo no Brasil, que por sua vez têm origem na formação social brasileira. No presente estudo também buscamos compreender a contribuição da Indústria Cultural para a manutenção do status quo dos grupos sociais dominantes atuando como reforçadora de elementos que contribuem para estratificação no imaginário social de aspectos relacionados à subjugação dos povos afro-brasileiros. A metodologia utilizada para a produção da investigação é qualitativa e utiliza-se o estudo de caso, com a coleta de dados sendo executada por meio de entrevistas semiestruturadas. O pressuposto teórico é fundamentado no pensamento dos/as seguintes autores/as: Antônio Carlos Gil, Eduardo José Manzini, Robert Kuo-zuir Yin e Janine Barbot para pensar a escolha metodológica do estudo; Sueli Carneiro, Michel Foucault, Clóvis Moura, Abdias Nascimento, Silvio Almeida, Frantz Fanon, Achille Mbembe, Lilia Schwarcz, Neusa Santos, dentre outros, quando abordam sobre temas relacionados ao racismo, decolonialidade e desigualdades raciais, entremeados pelas contribuições teóricas dos autores Adorno e Horkheimer acerca da Indústria Cultural e de Stuart Hall sobre cultura, identidade e representação. No campo das emoções, tomadas como categoria analítica das ciências sociais, realizamos diálogos profícuos com o autor Eduardo Bericat e Erving Goffman com suas proposições acerca do estigma. Os resultados desta pesquisa apontam para a confirmação da hipótese levantada, uma vez que os relatos obtidos, aliados à construção teórica convergem para tal.