O presente trabalho investiga a subjetividade punitiva do Poder Judiciário brasileiro, com foco no estado do Piauí. A pesquisa analisa criticamente a Lei de Drogas (Lei 11.343/2006) no contexto da guerra às drogas, demonstrando como essa política viola direitos fundamentais e cria um estado de exceção que afeta principalmente as populações marginalizadas. Examina-se, ainda, a exclusão social e jurídica de jovens negros, que têm seu acesso a direitos básicos comprometido, reforçando a desigualdade racial e social, e os mecanismos de necropolítica, que contribuem para o extermínio desses jovens. A relação entre neoliberalismo e punitivismo também é abordada, evidenciando a promoção de um estado penal robusto em detrimento do estado de bem-estar social. Especificamente, investiga-se como a subjetividade dos juízes, ao interpretar o ambíguo artigo 28 da lei, resulta em decisões punitivas desproporcionais. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e interpretativa, de caráter exploratório, que utiliza entrevistas semiestruturadas para captar as percepções dos operadores do direito sobre a aplicação da Lei de Drogas, distinguindo a visão sobre usuários e traficantes.