Esta dissertação propõe uma análise da atuação dos movimentos de familiares de pessoas presas e sobreviventes do cárcere durante a audiência pública do Habeas Corpus 165.704/DF, realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021. A pesquisa investiga como os familiares de pessoas presas, organizados por frentes estaduais de desencarceramento, desafiaram as narrativas hegemônicas sobre o sistema penitenciário brasileiro durante a audiência pública. A partir do conceito de epistemicídio, a dissertação explora como o saber produzido pelos familiares e sobreviventes do cárcere é marginalizado e como sua mobilização evidencia as falhas do sistema judiciário na implementação de medidas de desencarceramento. A pergunta que orienta a pesquisa é: como a mobilização dos familiares de pessoas presas e sobreviventes do cárcere durante a audiência pública do HC 165.704/DF no Supremo Tribunal Federal desafiou a narrativa hegemônica sobre o funcionamento do sistema penitenciário brasileiro? A hipótese levantada é que a exclusão de movimentos sociais e familiares de pessoas presas na participação na audiência pública do HC 165.704/DF desvela o epistemicídio e a marginalização de suas vozes, resultando em políticas de desencarceramento que não atendem às necessidades reais da população afetada, perpetuando o estado de coisas inconstitucional do sistema penitenciário brasileiro. A pesquisa se fundamenta na criminologia crítica e nas teorias da democracia, considerando as contribuições de movimentos sociais como contrapúblicos subalternos. O estudo busca compreender como a participação desses atores sociais subverte a lógica jurídica dominante e revela as injustiças do sistema penal, propondo uma reflexão sobre a democratização do acesso ao judiciário e o impacto das vozes marginalizadas no processo de mudança social. A metodologia adotada inclui análise documental do Habeas Corpus 165.704 e das falas na audiência pública, além de entrevistas com familiares e sobreviventes. Para categorizar, utilizou-se o software Atlas T.I., que facilita a visualização e organização do material empírico coletado.