A dengue é considerada a arbovirose mais frequente dentre as que acometem o ser humano, sendo endêmica em países tropicais e subtropicais. A doença é causada pelo Dengue virus (DENV), membro da família Flaviviridae apresentando a fêmea do mosquito Aedes aegypti como principal vetor de transmissão. A variedade de fatores relacionados ao vírus, ao ambiente e ao hospedeiro reflete na diversidade das manifestações clínicas da dengue. Vários estudos apontam que polimorfismos de nucleotídeo único (SNP) em genes de moléculas relacionadas à imunidade da dengue podem estar envolvidas com a susceptibilidade e/ou proteção à doença. O objetivo do presente estudo foi investigar a prevalência e a influência dos polimorfismos -336 A/G (rs4804803) no gene DC-SIGN e -174 G/C (rs1800795) no gene IL-6 em pacientes sintomáticos e assintomáticos infectados pelo DENV, e em indivíduos controles. Trata-se de um estudo do tipo caso-controle, de caráter qualitativo e com abordagem exploratória. Os dados foram obtidos através de coletas feitas em pacientes atendidos em órgãos públicos de saúde, em Parnaíba-PI no período de Agosto de 2016 a Dezembro de 2017. A confirmação laboratorial dos casos suspeitos de dengue foi feita por meio de testes imunocromatográficos e metodologias moleculares. O DNA genômico celular foi extraído e realizada a genotipagem para os SNPs, através de PCR em Tempo Real. Os dados foram analisados através do programa BioEstat 5.0, com um nível de significância de p<0,05. As análises das frequências alélicas e genotípicas para o SNP -336 A/G no gene DC-SIGN não mostraram resultados com diferenças estatisticamente significativas. Com relação a prevalência das manifestações clínicas, o sintoma Diarreia se apresentou mais frequente nos portadores do alelo G com diferença estatisticamente significativa. As análises alélicas e genotípicas para o SNP -174 G/C no gene IL-6 entre os grupos mostraram que a frequência do genótipo G/C foi estatisticamente maior no grupo controle (41,2%) do que no grupo DEN, com 26,5%. O genótipo G/C também foi significativamente mais frequente no grupo controle (41,2%) em relação ao grupo Dengue sem sinais de alarme (DSSA), com 24,7%. A associação dos genótipos G/C + C/C tiveram maior frequência no grupo controle (46,5%) quando comparado ao grupo DEN com 30,8%. E ainda apresentaram maior frequência no grupo controle, com 46,5%, em relação ao grupo DSSA (28,8%). As análises das frequências alélicas revelaram que o alelo C teve frequência significativamente maior no grupo controle (26%), quando comparado ao grupo DEN com 17,5% e ao grupo DSSA, com 16,4%. O alelo C também apresentou frequência maior no grupo assintomático (25,9%) em relação ao grupo DEN, com 17,5%, e em relação ao grupo DSSA com significância. Nas análises da prevalência das manifestações clínicas, a manifestação clínica Náuseas foi mais frequente em não portadores C, com diferença estatisticamente significativa. A frequência do alelo G para o SNP -336 A/G do gene DC-SIGN na população piauiense foi de 18,8%. O alelo C do SNP -174 G/C no gene IL-6 teve frequência de 26% nesta população. Nossos dados sugerem que o genótipo G/C e o alelo C do SNP -174 G/C no gene IL-6 estão relacionados com proteção para os casos de dengue na população estudada. Estes dados contribuem para um melhor entendimento da patogênese do Dengue virus e de fatores genéticos relacionados ao hospedeiro com a doença. Podendo assim, trazer benefícios para o paciente, no que diz respeito ao manejo clínico da doença.
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