Considerada como umas das micoses subcutâneas mais prevalentes no mundo e com recente inclusão no rol das doenças tropicais negligenciadas, a Cromoblastomicose caracteriza-se como uma infecção fúngica crônica resultante do implante traumático ocasionado por fungos dimórficos negros da ordem Chaetothyriales. Os microrganismos em questão ocorrem com maior frequência nas regiões tropicais e subtropicais do planeta, com registros de isolamentos em plantas, frutos secos e solos ricos em matéria orgânica. A insuficiência de diagnósticos precoces reflete diretamente no tratamento da doença, o qual se estabelece até hoje como um desafio para a medicina. Isso porque diante de diversos fármacos e métodos empregados para o tratamento da doença, sua maioria não têm uma ação satisfatória frente a fatores como duração da terapia, efeitos adversos e até mesmo a interrupção do tratamento. Diante das limitações da indústria farmacêutica na descoberta de novos antifúngicos, métodos como o reposicionamento de fármacos comercialmente disponíveis prospectam novas possibilidades para o tratamento de micoses. Os anti-inflamatórios não-esteroidais, tal como o diclofenaco sódico, são compostos com função analgésica, anti-inflamatória e antipirética que têm mostrado atividade contra vários microorganismos. Atuam prioritariamente como agentes inibidores das enzimas ciclo-oxigenases (COX-1 e COX-2), impossibilitando a síntese das prostaglandinas (PGE2), estas já evidenciadas |
em alguns fungos. Elas auxiliam esses microrganismos na formação dos tubos |
germinativos, na baixa produção de quimiocinas e de fatores de necrose tumoral alfa. Desse modo, o presente estudo objetivou avaliar a atividade antifúngica in vitro do diclofenaco sódico isolado e combinado com antifúngicos (itraconazol, posaconazol, terbinafina e anfotericina B) frente aos agentes da cromoblastomicose. O ensaio de suscetibilidade obedeceu ao protocolo padrão M38-A2 do Clinical and Laboratory Standards Institute. A avaliação do perfil de interação entre a diclofenaco sódico e os antifúngicos deu-se pelo método de tabuleiro xadrez. A interação entre os fármacos foi obtida a partir do Cálculo do Índice Fracionário de Concentração Inibitória. Os agentes da CBM testados mostraram-se resistentes ao diclofenaco sódico isolado. Dessa forma, não houve inibição do crescimento nas concentrações testadas (CIM>256μg/mL). As interações sinérgicas foram observadas principalmente quando o diclofenaco sódico foi combinado com o itraconazol, seguido pela anfotericina B, com sinergismo para 15 e 14 amostras fúngicas, respectivamente. As combinações terbinafina/diclofenaco sódico e posaconazol/diclofenaco sódico apresentaram o mesmo número de sinergismos, 11 de 20 isolados. Os testes não apresentaram resultados antagônicos. A combinações itraconazol/diclofenaco sódico e anfotericina b/diclofenaco sódico mostraram os melhores resultados in vitro frente aos agentes da cromoblastomicose. |