A Cromoblastomicose (CBM) é definida como uma infecção fúngica subcutânea resultante da implantação traumática de fungos negros. A eficácia da terapia para a CBM pode estar relacionada à gravidade e ao tempo de evolução da doença, ao agente etiológico e às complicações do paciente. O uso de plantas medicinais é uma prática realizada desde os primórdios da civilização e hoje vem sendo uma grande aliada para a medicina moderna. Uma das substâncias de destaque encontradas nas plantas são os alcaloides, os quais estão presentes em grande quantidade no Jaborandi. Dentre estes, a pilocarpina é empregada na clínica há muitos anos no tratamento do glaucoma e em casos de xerostomia. Pelo fato desse alcaloide possuir um grupamento funcional semelhante ao dos fármacos antifúngicos azólicos, essa substância pode apresentar efeito antifúngico. Visto que a pilocarpina tenha sido estudada anteriormente contra outros fungos, espera-se que ela possa demonstrar atividade antifúngica contra os agentes da CBM. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a atividade antifúngica in vitro da pilocarpina isolada ou combinada com os antifúngicos convencionais (terbinafina e anfotericina B) frente a agentes da cromoblastomicose. O teste de susceptibilidade fúngica foi realizado por meio da técnica de microdiluição em caldo preconizada pelo documento M38-A2 do Clinical and Laboratory Standards Institute. A interação entre a pilocarpina e os antifúngicos foi avaliado pelo método de tabuleiro de xadrez. Para determinar o tipo de interação entre os fármacos, o Índice Fracionário de Concentração Inibitória foi obtido. A pilocarpina não foi capaz de inibir os fungos (n = 14) na faixa de concentração testada (CIM>256µg/mL). Entretanto, a combinação terbinafina/pilocarpina demonstrou sinergismo contra oito dos quatorze isolados testados. Por outro lado, a combinação anfotericina/pilocarpina foi sinérgica para apenas cinco dos quatorze isolados. Não houve antagonismo entre as interações avaliadas. Com base nos resultados apresentados, pode-se concluir que a melhor combinação foi entre pilocarpina e o antifúngico terbinafina, na qual obteve bons resultados principalmente para o gênero Fonsecaea spp., apontando sinergismo, o que pode ser promissor para o tratamento da cromoblastomicose.