O uso contínuo de nimesulida causa danos inflamatórios no fígado; entretanto, os mecanismos intrínsecos da lesão ainda não foram totalmente esclarecidos. Nesse contexto, tem-se a via da fosfatidilinositol-3-quinase gama (PI3K-γ) como um alvo de grande interesse na modulação de doenças inflamatórias, já que ela está envolvida na ativação da cascata de sinalização da proteína quinase B (AKT), que, por sua vez, contribui para a instalação do processo inflamatório. Porém, ainda não há estudos que comprovem o envolvimento da PI3K-γ na lesão hepática por nimesulida, sendo este o objetivo da atual pesquisa. A indução da lesão hepática foi realizada pela administração oral de nimesulida (200 mg/kg), na qual os camundongos foram tratados com 2% de dimetilsulfóxido (DMSO) ou AS605240 (0,1 mg/kg, 0,5 mg/kg e 1,0 mg/kg), um antagonista da via PI3K-γ, diluído em 2% de DMSO. O fígado dos animais tratados com nimesulida aumentou significativamente (p <0,05) a relação peso do fígado/peso do animal, os escores histológicos de lesão, além dos níveis de mieloperoxidase, malondialdeído, nitrato e nitrito, citocinas pró-inflamatórias (fator de necrose tumoral alfa e interleucina - 1 beta) e a expressão proteica de ciclooxigenase 2 e fator nuclear kappa B. Houve diminuição da concentração de glutationa e alteração na função hepática desses animais, na qual os níveis séricos de alanina aminotransferase e aspartato aminotransferase aumentaram, enquanto que os de albumina diminuíram. Por outro lado, os animais que receberam o antagonista AS605240 reverteram significativamente (p <0,05) todos os parâmetros analisados, demonstrando que, na presença do inibidor específico da PI3K-γ, a nimesulida não foi capaz de causar o dano no fígado. Logo, esses resultados sugerem que a via PI3K-γ pode estar envolvida na lesão hepática por nimesulida, e, ainda, representar uma alternativa terapêutica propícia para a modulação do dano hepático em pacientes susceptíveis e/ou acometidos.